Negociação nuclear iraniana entra em sua fase crítica
Antonio Sánchez Solís
Viena, 16 jun (EFE).- Faltando cinco semanas para que se encerre o prazo inicial para que o Irã e as grandes potências ponham fim ao conflito nuclear, ambas as partes iniciaram nesta segunda-feira em Viena a quinta rodada de contatos para se chegar a um acordo que garanta que o programa atômico iraniano é pacífico.
A fase final das negociações será liderada mais uma vez pelo ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammed Yavad Zarif, e pela chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, que negocia em nome do grupo formado por China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha (o chamado G5+1).
Ashton e Zarif realizaram hoje na sede da embaixada iraniana em Viena (Áustria) um almoço de trabalho no qual prepararam a agenda das conversas, que deverá se prolongar até sexta-feira.
Representantes do Irã, Estados Unidos e União Europeia (UE) se reuniram nesta segunda-feira e se espera que amanhã seja realizado o primeiro encontro oficial com todos os países.
“Esta semana é crítica para se conseguir um acordo global e todos estão decididos a se chegar a um acordo”, disse hoje uma fonte diplomática americana, que pediu para não ser identificada.
O diplomata revelou que na rodada negociadora realizada há um mês já se começou a escrever a minuta do acordo e que o plano é avançar nessa direção nos próximos dias.
A fonte deixou claro, no entanto, que apesar da vontade negociadora, os Estados Unidos não estão dispostos a chegar a um acordo que não responda às “preocupações pendentes sobre o programa atômico iraniano”.
“É melhor que não exista um acordo do que se chegue a um acordo ruim”, afirmou o diplomata.
Há mais de uma década os inspetores das Nações Unidas tentam dissolver as dúvidas sobre se o programa atômico iraniano, desenvolvido na clandestinidade durante anos, tem ou não uma intenção militar oculta.
O acordo que está sendo negociado desde novembro precisaria demonstrar e dar garantias de que Teerã não pode nem deseja construir uma arma atômica.
Isso significaria limitar o alcance de seu programa de enriquecimento de urânio, material de uso militar e civil; estabelecer que tipo de instalações nucleares o país pode operar; chegar-se a um acordo sobre um regime de inspeções; e encerrar programas armamentistas, como o desenvolvimento de mísseis de longo alcance.
Ao chegar hoje em Viena, Zarif expressou sua vontade de se chegar a um acordo, mas advertiu que seu país não aceitará que seu programa atômico fique reduzido a algo simbólico.
“Deixamos muito claro. Não estamos preparados para ultrapassar nossas linhas vermelhas”, disse o ministro, que chegou a argumentar que o fato do Irã ter um programa nuclear “sério e transparente” é bom para a não-proliferação de armas nucleares.
O roteiro das negociações fixou 20 de julho como a data para a assinatura do acordo definitivo.
No entanto, desde o início se considera a possibilidade de prorrogar os contatos por mais seis meses.
Por enquanto, as duas partes parecem convencidas de que é possível cumprir o calendário original.
“Não existe nenhum debate sobre uma extensão das negociações”, assegurou hoje a fonte diplomática americana, o que representa a mesma postura das autoridades iranianas.
Em relação à possibilidade de se utilizar as conversas de Viena para falar sobre a crítica situação no Iraque, a fonte americana não descartou que ocorram “alguns contatos e conversas”.
Ocidente teme que o Irã queira construir, sob a alegação de um programa nuclear civil, os materiais necessários para poder fabricar armas atômicas.
Teerã nega as acusações e assegura que só tem intenções pacíficas, como a geração de energia elétrica e aplicações científicas para a luta contra o câncer. EFE
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