O governo Trump é um fiasco

Donald Trump tem pouco apoio para a sua alternativa ao Obamacare

O governo Trump é um fiasco, desprezado por boa parte da opinião pública global, a duras penas capaz de manter o apoio de 35% a 40% dos americanos e inábil para tocar adiante sua agenda mesmo com o controle republicano do Congresso.

O presidente sequer se mostra familiarizado com o remendado projeto costurado no Senado para substituir o Obamacare, o plano de saúde do governo anterior. Seu desmantelamento foi pedra-de-toque da campanha eleitoral de Trump e bandeira de luta dos republicanos por sete anos a fio.

No entanto, é este vexame. O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, adiou a votação esta semana, pois carece de votos suficientes na própria bancada (todos os democratas são contrários).

Ironicamente, o Obamacare com todos os seus defeitos está revitalizado junto à opinião pública, enquanto o que podemos chamar de Trumpcare está em estado de coma. McConnell novamente tenta remendar o projeto para conciliar os interesses das alas seu partido.

De um lado, estão os mais conservadores, que advogam menos regulamentação federal, menos assistência aos mais pobres e um corte brutal dos impostos dos mais ricos que bancam os custos de saúde.

Do outro lado, os republicanos moderados que estão agoniados com o custo político do Trumpcare, que pelas estimativas vai deixar 22 milhões de pessoas a menos com seguro médico na próxima década. Ironicamente, entre os prejudicados, gente da base eleitoral do presidente, americanos mais pobres e com menor nível educacional.

E Trump com isso? No sufoco, pois ele precisa de uma grande vitória legislativa (sempre precisa de uma vitória), mas não ao preço de corroer de forma acintosa sua demagogia populista.

O fato é que o Trumpcare é muito impopular, com apoio de uns 20% dos americanos e olha que apenas 18% dos republicanos o sustentam de forma robusta.

Como no departamento de pão (e saúde), as coisas estão complicadas, é sempre conveniente para Trump investir no circo e de forma feroz jogar para os leões um dos seus bodes expiatórios favoritos, a imprensa que o presidente desonesto considera desonesta.