O longo caminho desde o receio à integração dos muçulmanos nos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 24/02/2015 10h31
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Jairo Mejía.

Washington, 24 fev (EFE).- Desde os atentados de 11 de setembro de 2001, as relações dos americanos com seus compatriotas muçulmanos passaram por maus momentos que agora podem se repetir pela influência do Estado Islâmico (EI), o que levou a Casa Branca a intensificar suas iniciativas de integração social.

Na cúpula internacional contra o extremismo violento que aconteceu na Casa Branca na semana passada, o presidente americano, Barack Obama, reiterou que os EUA não estão “em guerra contra o Islã”, mas contra grupos como o EI que “pervertem” a religião.

No entanto, a estratégia de Washington contra o extremismo violento teve seus altos e baixos ao criar mal-entendidos e um ambiente de paranoia e receio em algumas comunidades muçulmanas.

Apesar das tentativas de melhorar as relações e as oportunidades na comunidades muçulmanas dos EUA, ainda persistem as pressões em dezenas de bairros americanos para que não sejam abertas mesquitas, enquanto a religião de Maomé continua sendo a menos valorizada, segundo um estudo do Pew Center realizado no ano passado.

Algumas técnicas governamentais suscitaram críticas em comunidades, como as reiteradas na semana passada pelo Conselho de Relações Islâmico-Americanas (CAIR), que denunciou algumas práticas policiais que “estigmatizam” os muçulmanos e não são efetivas.

“A confiança mútua com as forças da lei é muito difícil, se não impossível, dada a maneira como o FBI (polícia federal americana) opera, com o uso de informantes e outras técnicas de inteligência”, explicou Jaylani Hussein, diretor-executivo de CAIR em Minnesota, onde vive uma grande comunidade somali.

A recente morte de três muçulmanos a tiros na Carolina do Norte tampouco ajuda o que a assessora de segurança nacional de Obama, Lisa Monaco, descreve como “oferecer uma visão alternativa” àqueles que querem se unir ao extremismo do EI.

Mas com 0,8% da população seguidora do Islã, os EUA não sofrem com tantos problemas e tensões religiosas como países como a França (com 7,5% de muçulmanos), Alemanha (5,8%), Reino Unido (4,8%), e Espanha (2,1%).

A única região comparável a esses países europeus é a região das chamadas Cidades Gêmeas de St. Paul e Minneapolis, onde cerca de 4% é população muçulmana, ou o estado de Illinois, onde 2,8% segue a religião de Maomé.

Nas Cidades Gêmeas vive Mohammed Amid Ahmed, o modesto gerente de um posto de gasolina local que decidiu por si só fazer frente aos vídeos de decapitações do EI com um portal que batizou como AverageMohamed.com.

Cansado de ver como os jovens de sua comunidade eram recrutados pelo grupo Al Shabab na Somália e agora persuadidos pelo EI, Amid Ahmed decidiu enfrentar a propaganda islamita em seu tempo livre através de desenhos animados.

AverageMohamed ataca as técnicas de recrutamento dos movimentos islamitas na internet e se estendem com o boca a boca pelas ruas desta área urbana americana.

“A frustração me levou a começar este projeto”, comentou à Agência Efe Amid Ahmed, que financiou seus desenhos animados com dinheiro próprio e algumas pequenas doações.

“Meu objetivo é desmantelar esta ideologia. Distribuo as animações para que sejam mostradas a crianças e jovens e seja aberto um debate. A ideia é desmontar a ideia de que o suicídio é algo elogiável. Se unir a um grupo para matar pessoas é como matar o Islã”, opinou Ahmed.

“Os EUA não são a encarnação do mal. As iniciativas no país são boas, mas são necessários mais recursos e apoio para suprir o apoio e os recursos oferecidos pela Al Qaeda e o EI”, completou.

Apesar dos receios, já não é incitado o ódio com pregações como a do pastor Terry Jones, que ficou mundialmente famoso em 2010 por convocar uma queima do Corão na Flórida.

Hoje, Jones abandonou a provocação religiosa e se dedica a cuidar de uma loja que comercializa batatas fritas em um centro comercial. EFE

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