O muro das lamentações de Hillary Clinton
Antes de tudo, vamos às boas notícias: Hillary Clinton confirma que se aposentou do trabalho de candidata presidencial. De fato, ela nunca foi uma trabalhadora eficiente nesta atividade.
A ex-primeira dama, ex-senadora, ex-secretária de Estado e ex-candidata presidencial está na praça, dando entrevistas e promovendo o seu livro What Happened. E o que aconteceu? São justificativas e lamentos pelo desfecho da eleição do ano passado. E obviamente ninguém lamenta mais do que a própria Hillary.
Nas entrevistas, Hillary dispara alertas sobre o risco Trump, tratando o presidente como um sujeito inexperiente, manipulado por acontecimentos e outros países, com ênfase em Vladimir Putin, o ex-coronel da KGB que realmente nunca gostou de Hillary. E, é claro que ela se diz “convencida” que houve conluio entre os russos e a campanha eleitoral de Trump.
A ex-candidata, profissional como de hábito, embora nunca tenha sido craque, assume responsabilidade pela derrota de novembro de 2016, reconhecendo suas falhas. Mas, não resiste e aponta o machismo que existe no jogo político e na vida em geral, dificultando a ascensão de mulheres como ela.
Hillary está plenamente consciente de que seu erro mais estúpido foi ter mantido um servidor privado para e mails enquanto era secretária de Estado. Foi uma névoa que pairou sobre sua campanha do começo ao fim, deflagrou a investigação do FBI e deu a munição incessante para a campanha de Trump metralhar que a oponente era desonesta.
Eu pessoalmente acredito que nada foi mais danoso para Hillary do que estar colada à reputação de escroque ou trapaceira (crooked Hillary, na fulminante expressão martelada por Donald Trump). Isto levou tantos eleitores a serem indulgentes com um vigarista muito pior do que a candidata democrata.
Em uma entrevista à rádio pública, a NPR, Hillary se desviou da pergunta se outro candidato democrata teria derrotado Trump. De fato, é um exercício de masoquismo entrar agora por este labirinto de especulações.
Trump venceu por menos de 100 mil votos em três estados que viraram o jogo no Colégio Eleitoral e sem dúvida inúmeros fatores explicam uma vitória histórica e bizarra. Ficar discutindo o peso de cada fator irá render pilhas de livros.
Mas, fator-chave inegável para explicar como Trump aconteceu em novembro de 2016 foi Hillary Clinton.
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