Obama aposta seu legado em política externa em Cuba e Irã

  • Por Agencia EFE
  • 04/04/2015 21h30

Miriam Burgués.

Washington, 4 abr (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acaba de dar um grande passo rumo a um acordo histórico com o Irã, país ao qual está ligando seu legado em política externa da mesma forma que fez com a reaproximação de Cuba, que terá novo impulso na próxima semana na Cúpula das Américas.

Mas o êxito de suas duas maiores apostas na arena internacional dependerá muito do Congresso americano, que pode “matar” o acordo sobre o programa nuclear iraniano, nas palavras de Obama, e que não está disposto a suspender o bloqueio econômico contra Cuba, cuja continuidade impedirá uma normalização plena da relação bilateral entre os países.

Logo após o anúncio na quinta-feira em Lausanne (Suíça) do acordo nuclear preliminar entre o G5+1 (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia mais Alemanha) e o Irã, Obama veio a público para defendê-lo, e neste sábado reiterou que o acordo é, “de longe”, a melhor opção para os EUA, seus aliados e o mundo inteiro.

O acordo preliminar de Lausanne, cujos detalhes técnicos e legais devem ser negociados até o dia 30 de junho, é por si só “uma conquista significativa” para Obama, comentou à “CNN” Aaron David Miller, especialista em Oriente Médio que assessorou o governo de Bill Clinton no processo de paz entre palestinos e israelenses nos anos 90.

Para Obama será difícil convencer das vantagens do pacto com o Irã o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que já o rechaçou por considerá-lo uma ameaça à “sobrevivência” de seu país e à segurança mundial.

Frente às dúvidas sobre o acordo com o Irã não só em Israel, mas também entre os parceiros dos EUA no Golfo Pérsico, a histórica aproximação de Cuba anunciada por Obama em dezembro foi bem recebida em nível global, e em particular entre os países latino-americanos e caribenhos.

Ao contrário do que ocorre com o Irã, analistas como Roberto Izurieta, professor da Universidade George Washington, acham que a Obama não convém “vender em excesso” o processo de normalização das relações com Cuba.

“Esse processo será sempre mais efetivo quanto menos notório e público for”, indicou Izurieta à Agência Efe.

Três reuniões oficiais sobre a normalização e a esperada reabertura de embaixadas foram realizadas até o momento, a última delas sob total sigilo em Havana, e do encontro “preliminar” sobre direitos humanos realizado esta semana em Washington não houve mais informações que um comunicado de cada país.

Conforme se aproxima a Cúpula das Américas do Panamá, na qual haverá algum tipo de “interação” entre Obama e Raúl Castro, segundo a subsecretária de Estado americano para a América Latina, Roberta Jacobson, crescem as expectativas de anúncios sobre as embaixadas ou a saída de Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo elaborada pelos EUA.

Em qualquer caso e apesar dos pedidos de Obama, nem sequer teve início no Congresso americano um debate sobre a possibilidade de suspensão do embargo econômico a Cuba, que já dura mais de meio século. EFE

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