ONG identificará 10 casos de corrupção impunes “mais grosseiros” do mundo
Lima, 3 nov (EFE).- O presidente da organização Transparência Internacional, José Ugaz, anunciou nesta segunda-feira a elaboração de uma lista com os dez casos de corrupção impunes “mais grosseiros” do mundo, como parte de suas iniciativas à frente do organismo, para cuja direção foi eleito no mês passado.
Ugaz, advogado peruano de 55 anos que investigou a corrupção que houve no governo do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000) e seu assessor Vladimiro Montesinos, ofereceu hoje uma entrevista coletiva na Proética, a filial peruana da ONG, para antecipar as pautas que manejará durante seu mandato.
O presidente da Transparência Internacional indicou que a elaboração desta lista está em linha com a nova filosofia da organização, que pretende “gerar consequências legais aos corruptos, e explorar possibilidades de sanção social quando a Justiça fracasse”.
“Será como o concurso das sete maravilhas do mundo, e já temos muitos candidatos”, brincou Ugaz, cujo objetivo é identificar esses casos de corrupção e “desenvolver estratégias para expô-los” à opinião pública e assim obter consequências legais.
Ugaz explicou que primeiro se identificarão os casos mais flagrantes de impunidade em cada país e depois se elaborará um ranking com os dez mais relevantes no mundo todo.
O advogado peruano repassou as ações que empreenderá sob a campanha “Desmascare os corruptos”, focada em frear a lavagem de dinheiro em paraísos fiscais e impedir que os corruptos desfrutem do dinheiro e os bens desviados a outros países.
No primeiro caso, a Transparência Internacional exercerá “pressão e gestões em fóruns internacionais” para que as empresas offshore, “o veículo mais comum no mundo para a lavagem de ativos”, tenham um registro internacional que permita saber “quem é o último beneficiado que está por trás dessa ficção jurídica”, disse Ugaz.
O outro ponto se trata de restringir os vistos para os corruptos naqueles países para onde desviaram dinheiro e têm bens.
Ugaz deu como exemplo o presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, “de quem os Estados Unidos congelaram US$ 300 milhões, enquanto a França fez o mesmo com os bens que o líder africano ostenta em seu território”.
“Os próximos três anos serão de muita intensidade e mudanças para a própria Transparência Internacional, e esperamos que, a partir destas ações, os corruptos tenham medo de uma organização que vai apontá-los sem rodeios quando tenhamos certeza que incorrem em casos de corrupção”, concluiu.
José Ugaz foi eleito em outubro como presidente de Transparência Internacional, organização fundada em Berlim pelo alemão Peter Eigen e que conta com delegações em mais de 100 países, sobre os quais elabora seu reconhecido índice de percepção da corrupção. EFE
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