ONU adverte oposição síria de que execuções são crimes de guerra

  • Por Agencia EFE
  • 16/01/2014 10h46

Genebra, 16 jan (EFE).- A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, advertiu nesta quinta-feira aos grupos de oposição na Síria que as execuções e os assassinatos extrajudiciais violam o direito internacional e podem constituir crimes de guerra.

“Nas duas últimas semanas, recebemos informações sobre a multiplicação das execuções em massa de civis e combatentes que já não participam das hostilidades em Aleppo, Idlib e Raqqa por grupos armados da oposição extremista, em particular o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL)”, disse Pillay em comunicado .

Embora o número exato “seja difícil de verificar”, a ONU recolheu “informações críveis de testemunhas que sugerem que vários civis e combatentes em mãos de grupos armados da oposição extremista foram executados desde o início do ano”.

Segundo as informações em poder da ONU, na primeira semana de janeiro houve várias execuções em Idlib e em Aleppo, onde no dia 8 foram encontrados muitos corpos com as mãos amarradas e os olhos vendados em um hospital infantil que servia de base ao ISIL -vinculado à Al Qaeda- até que teve que se retirar após um ataque de outros grupos opositores.

Um testemunha, interrogada por funcionários da ONU, identificou pelo menos quatro ativistas locais de meios de comunicação entre os mortos, assim como combatentes de outros grupos opositores que tinham sido capturados.

“As informações que procedem de Raqqa são mais difíceis de verificar, mas são profundamente perturbadoras ao relatar execuções em massa do ISIL quando se retirou da cidade, no começo do mês e quando retomou o controle nesta semana”, segundo Pillay.

A alta comissária da ONU lembrou a todas as partes do conflito que “o direito internacional proíbe em qualquer momento ou circunstância (…) os assassinatos em todas suas formas, as mutilações, os tratos cruéis e torturas”.

Após lembrar que a Convenção de Genebra estipula o “tratamento humano” dos detidos, Pillay assegurou que “os incidentes recentes sugerem que certos grupos armados cometem execuções quando se veem obrigados a abandonar suas bases e os indivíduos sob controle”.

“Os relatórios recebidos são particularmente alarmantes dado o grande número de pessoas, incluindo civis, que parecem estar em poder dos grupos armados da oposição. A tomada de reféns está proibida pelo direito internacional humanitário e também pode constituir um crime de guerra”, acrescentou.

Desde 3 de janeiro, uma aliança de grupos rebeldes enfrenta o ISIL na metade norte do país, devido às violações cometidas pelos jihadistas, segundo os insurgentes.

Quase 700 pessoas morreram nos primeiros nove dias de combates, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, que assegura que entre essas vítimas figuram 21 civis que o ISIL executou em um hospital de Aleppo e 32 rebeldes em várias províncias. EFE

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