ONU alerta para crescente desigualdade no mundo e pede mais apoio a mulheres

  • Por Agencia EFE
  • 12/02/2014 15h23
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Nova York, 12 fev (EFE).- As condições de vida da maior parte da população mundial melhoraram nos últimos 20 anos, mas as desigualdades se multiplicaram, segundo um relatório da ONU publicado nesta quarta-feira que pede que os direitos das mulheres sejam reforçados.

O documento, elaborado pelo Fundo de População das Nações Unidas (FPNU), advertiu que essas crescentes desigualdades são o maior desafio que a humanidade enfrenta hoje.

“Há mais leis para proteger e respeitar os direitos humanos, mas segue havendo enormes desigualdades na materialização desses direitos e no acesso a serviços vitais”, afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na entrevista coletiva de apresentação do relatório.

O texto repassa o formulado em 1994 formulado na Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (CIPD) no Cairo, quando a comunidade internacional chegou a um acordo de fórmulas para impulsionar a educação universal, reduzir a mortalidade infantil e materna e melhorar o acesso ao planejamento familiar e a saúde sexual no mundo todo.

“As conquistas desses 20 anos foram notáveis, incluindo melhoras na igualdade das mulheres, na saúde e na esperança de vida, na educação e nos sistemas de proteção dos direitos humanos”, destacou a agência das Nações Unidas.

Entre outras coisas, destaca que nas últimas duas décadas ao redor de um bilhão de pessoas deixaram de viver na pobreza extrema e que os temores sobre um aumento excessivo da população mundial continuam a se dissipar.

Mas a ONU alertou da crescente desigualdade entre ricos e pobres, que deixou um “enorme número de pessoas fora dos benefícios do desenvolvimento”, segundo o diretor-executivo do FPNU, Babatunde Osotimehin.

Nos últimos 20 anos 53% da riqueza gerada no mundo foi para 1% mais rico da população, o que aumentou a distância entre esse grupo e os um bilhão de pessoas que vivem nos 50 ou 60 países mais pobres do globo, acrescentou.

Entre 1994 e 2014 as mortes de mulheres durante a gravidez e no parto diminuíram quase 50% em termos globais, mas em muitos países da África Subsaaariana ela aumentou, entre outras coisas por causas vinculadas à propagação do vírus da aids.

Segundo dados de 2010, 99% de toda a mortalidade materna acontece nos países em desenvolvimento.

A situação se repete no caso da mortalidade infantil, que passou de 90 mortes para cada mil nascimentos em 1990 para 48 em 2012 no cômputo geral, mas que continua em 98 para cada mil na África Subsaariana.

Outro dos aspectos principais discutidos na Conferência Internacional de População e Desenvolvimento é o da saúde sexual e dos direitos sexuais e reprodutivos, ponto que em 1994 rodeou de polêmica a reunião pelas distintas visões sobre a contracepção e o aborto, entre outras coisas.

O relatório assinala a necessidade de impulsionar os direitos das meninas e mulheres e chama a atenção, por exemplo, sobre o pouco progresso conseguido na hora de terminar com os casamentos em idade infantil.

O FPNU pede mais vontade política, recursos e educação para pôr ao alcance de todas as mulheres métodos anticoncepcionais e a informação necessária para evitar doenças sexualmente transmissíveis, sobretudo entre as mais jovens.

“Devemos fazer nossa parte para proteger o direito das adolescentes aos serviços de saúde reprodutiva e sexual”, reforçou Osotimehin.

O relatório assinalou que mais de 8 milhões de abortos acontecem todos os anos no grupo de meninas e jovens de 15 a 24 anos, concentrados especialmente nos países mais pobres, onde também se acontece a maior parte das contaminações por HIV e DSTs.

O documento destaca que “empoderar as mulheres e as meninas é chave para garantir o bem-estar das pessoas, das famílias, dos países e do mundo”, afirmou Ban Ki-moon. EFE

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