Oposição na Venezuela vê condições para dar um ultimato no regime de Maduro
Como dar cabo de um regime infame e truculento como o chavismo quando os “métodos de luta” da resistência não incluem a luta armada e o golpe militar? Estes são os dilemas da oposição na Venezuela, aglutinada em uma frente ampla e geralmente difusa.
Diante dos dilemas, o regime no abismo tem algumas opções limitadas, como ganhar tempo e recorrer a alguns truques como tentar dividir esta oposição, como na decisão de suavizar o status carcerário do líder de uma das alas antichavistas, Leopoldo López, agora em prisão domiciliar.
Já para a oposição, ficar nas ruas se manifestando é sempre um risco, riscos de mais sangue (já foram mais de 100 mortos em pouco mais de três meses de mobilização ininterrupta) e obviamente de fadiga.
Assim, devemos saudar os novos lances da oposição como o fantástico voto simbólico contra a farsa da assembleia constituinte tramada por Nicolás Maduro que no final das contas foi um referendo informal contra o regime chavista. A mobilização de domingo foi acima das expectativas, o maior ato de desobediência civil na Venezuela.
Serviu para vitaminar e animar a oposição. Nesta quarta-feira, haverá uma reunião para começar a costurar um governo de unidade nacional (a dúvida é se haverá a inclusão de chavistas dissidentes) e para a a quinta-feira foi convocada uma greve geral.
Como a mobilização de domingo foi sem precedentes, a oposição acredita que haja condições de dar um ultimato ao regime. Para dar uma medida, o número de participantes no “voto simbólico” de domingo foi de 7,5 milhões, mais do que o candidato oposicionista Henrique Capriles obteve nas eleições presidenciais de 2013 e apenas um pouco abaixo do triunfo da oposição nas eleições parlamentares de 2015.
A Assembleia Nacional com controle da oposição, mas atrofiada devido aos sucessivos golpes do regime, também está reanimada desde domingo passado. Existe agora uma corrida contra o relógio, pois se aproxima a data de 30 julho, da realização da farsa eleitoral da assembleia constituinte de Nicolás Maduro.
Caso a oposição não consiga virar o jogo de forma decisiva até o final do mês, será colocada diante de uma nova encruzilhada sobre os métodos de lutar para dar cabo do regime.
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