Oposição sul-africana apresenta acusações contra Zuma por corrupção
Johanesburgo, 20 mar (EFE).- O principal partido da oposição na África do Sul, Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), apresentou nesta quinta-feira acusações de corrupção contra o presidente do país, Jacob Zuma, relacionadas à custosa reforma da casa do governante, financiada com dinheiro público.
O partido apresentou a denúncia um dia depois que a defensora da cidade sul-africana, Thuli Madonsela, pediu a Zuma que devolvesse parte do dinheiro público investido na reabilitação de sua propriedade de Nkandla (província oriental de Kwazulu-Natal).
A reforma do complexo custou cerca de 246 milhões de randes (R$ 52 milhões) à fazenda sul-africana, justificados por Zuma e pelo partido do governo, o Congresso Nacional Africano (CNA) como “despesas de segurança”.
“Não há dúvida de que esse palácio de Nkandla foi erguido sobre a corrupção do presidente com nosso dinheiro”, denunciou hoje o porta-voz da DA, Mmusi Maimane, em um ato realizado junto ao complexo presidencial.
“Por isso, as acusações apresentadas hoje contra o presidente são por corrupção”, disse em comunicado divulgado pelo partido.
As descobertas da defensora pública “não deixam espaço para dúvidas” sobre as acusações de corrupção contra o presidente, segundo Maimane.
“Zuma fez mais do que aceitar uma gratificação indevida e benefícios materiais. O presidente foi o principal impulsor da luxuosa reabilitação de 246 milhões de randes em sua residência pessoal com dinheiro público”, enfatizou.
Não por acaso, a defensora pública considera que Zuma deve retornar ao Estado o dinheiro destinado a construir infraestrutura que não estão relacionadas com a segurança, entre as quais o relatório cita um estábulo para vacas, um curral para frangos, uma piscina e um anfiteatro.
“O presidente não reparou nesses luxos, que a Defensoria Pública considera fora dos padrões de segurança estabelecidos por seu Escritório”, especificou.
“Em contrapartida aos benefícios materiais recebidos pelo presidente em Nkandla, os contratistas levaram milhões”, assegurou.
O porta-voz da oposição advertiu que cada um dos funcionários que sabe sobre a corrupção e a apoiou ou não fez nada para impedi-la “também é culpado de corrupção”.
Assim, instou a polícia sul-africana a estender as acusações criminosas a todos os cargos ministeriais e oficiais envolvidos.
“O lugar será para sempre um símbolo da grande corrupção e o crime contra a Constituição e o povo da África do Sul”, enfatizou.
O líder sul-africano agora tem 14 dias para dar explicações ao parlamento sobre as conclusões do relatório.
O CNA acusou Madonsela de tentar “influir” nas eleições gerais que a África do Sul fará em 7 de maio, e, antes da publicação ontem de seu relatório, classificou o documento de “político”.
A publicação do relatório se viu atrasada pelas tentativas de vários ministros do governo deterem sua elaboração, alegando razões de segurança.
O escândalo custou ao presidente muitas vaias em atos públicos e a perda de importantes aliados políticos, e poderia enfraquecer a robusta maioria parlamentar do CNA nas eleições de maio. EFE
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