Orbán se consolida no poder na Hungria, mas encara novo movimento opositor

  • Por Agencia EFE
  • 16/12/2014 16h08
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Marcelo Nagy.

Budapeste, 16 dez (EFE).- O primeiro-ministro da Hungria, o conservador nacionalista Victor Orbán, ganhou três eleições em 2014 e se consolidou no poder, mas presenciou o surgimento de um novo movimento de oposição ao tentar introduzir um imposto sobre o uso da internet.

O partido de Orbán, o Fidesz, ganhou com arrasadora maioria as eleições gerais, europeias e locais, o que os seguidores do primeiro-ministro interpretaram como carta branca para continuar com o que ele classifica como a “construção” do país.

Essa mudança política, iniciada em 2010, provocou um embate entre Orbán e a Comissão Europeia, países vizinhos, a imprensa, a Justiça, a sociedade civil e empresas estrangeiras, que o acusaram de atuar de forma autoritária e não democrática.

O episódio mais repercutido foi um incomum embate diplomático com os Estados Unidos, que vetou a entrada de diversos altos cargos húngaros sob suspeita de corrupção.

Enquanto a fragmentada e desacreditada esquerda compete com o partido extremista Jobbik pelo status de segunda força política, longe da maioria de dois terços do Fidesz, Orbán e seus aliados afirmam que a “construção” foi concluída e que agora começa a “consolidação” da Hungria.

No âmbito geopolítico, Orbán acentuou neste ano sua política de “abertura para o Leste”, assinando importantes contratos com Moscou, como um para ampliar sua única usina nuclear com um crédito russo de aproximadamente 12 bilhões de euros.

Não é surpreendente que Orbán seja um dos principais críticos dentro da UE da política de sanções contra a Rússia pela crise na Ucrânia, vizinha da Hungria e onde vive uma pequena minoria húngara.

O giro geopolítico causou fortes críticas tanto dentro como fora do país, mas tudo indica, segundo os analistas locais, que Orbán continuará com essa política.

Para garantir os votos nas eleições locais, o governo adiou para depois do pleito o anúncio de vários impostos que considera necessários para manter o déficit público abaixo de 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Mas o ápice para a população foi a proposta de um imposto sobre o uso da internet, de 2,2 euros mensais por residência, que resultou diversas manifestações.

Dezenas de milhares de húngaros saíram às ruas de várias cidades do país para protestar contra o imposto, que acabou sendo retirado pelo próprio Orbán.

O que inicialmente surgiu como um protesto contra a taxa da internet se tornou uma nova plataforma de descontentamento com o sistema do Fidesz. Para os analistas locais, estas mobilizações, junto ao embate com os Estados Unidos, podem reduzir o apoio ao Fidesz.

O efeito mais imediato foi uma queda entre 5% e 10% nos índices de apoio ao Fidesz, que ainda continua longe de qualquer outro partido.

As mais recentes manifestações criticam não apenas o Fidesz, mas toda a elite política dos últimos 25 anos. Os organizadores das manifestações se mantêm afastados dos partidos políticos e organizaram todos os protestos pelas redes sociais.

Os participantes são, na maioria, jovens de classe média, até agora inativos politicamente, segundo analistas. O que os une são temas concretos, como o imposto sobre a internet ou o apoio à União Europeia.

Por enquanto, trata-se de um movimento que não busca se tornar um partido político e, até agora, as pesquisas não mensuraram o apoio social que possui. EFE

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