Ossos de criança neandertal são achados em caverna na Espanha
Barcelona, 17 abr (EFE).- Uma equipe científica interdisciplinar coordenada por investigadores da Universidade de Barcelona (UB) encontrou uma mandíbula e um úmero de uma criança neandertal na caverna do Gegant de Sitges (Barcelona, nordeste da Espanha), que teriam 55 mil anos de idade.
A análise dos fósseis escavados, divulgado em artigo publicado na revista “Journal of Human Evolution”, confirma que são “os primeiros restos de neandertal achados na Catalunha em uma escavação atual”, explicou Montserrat Sanz, co-diretora do projeto que se desenvolve nesta região espanhola.
Até agora, todos os restos de neandertais encontrados no território catalão tinham sido resultado de achados casuais ou de escavações antigas.
“Neste caso, foram encontrados fósseis em uma área da caverna de Gegant bem datada, porque se conhecem os níveis, o que os permite determinar cronologicamente”, explicou Sanz.
Também foram encontrados sedimentos que continham utensílios de sílex da mesma época em que viveram os neandertais e fósseis de fauna, informação que completaram a datação.
“Estes restos proporcionam uma das poucas associações entre fósseis ósseos, líticos e de fauna do mesmo período nesta região da península Ibérica”, explicou o outro diretor do projeto, Joan Daura.
Sanz comentou que a tomografia computadorizada feita na mandíbula lhes permitiu “fazer uma reconstrução em 3D e descobrir que, além dos dois dentes visíveis, há outros três no interior da mandíbula, um dos quais empurraria um dente de leite para substituí-lo, uma circunstância que nos permite determinar que o indivíduo tinha cerca de cinco anos quando morreu”.
Da tomografia dos dois ossos se deduz que apresentam “atributos específicos da espécie neandertal como por exemplo a robustez do esqueleto, maior nele que nos Homo sapiens, o desenvolvimento dental mais rápido e a localização do buraco mentoniano”.
O buraco mentoniano, assinalou Sanz, é um dos orifícios situados na superfície anterior da mandíbula que permitem a passagem dos nervos e dos vasos sanguíneos; e nos neandertais fica na parte posterior da linha dos dentes.
Os pesquisadores não puderam determinar se os restos humanos foram levados pelos carnívoros – principalmente hienas -, embora “não haja marcas claras de que tenham sido mordidos”, disse Sanz; ou se “foram depositados ou enterrados intencionalmente e depois os carnívoros removeram os ossos”.
O úmero apresenta uma fratura de quando a criança já estava morta.
Sanz e Daura informaram que “ainda restam por escavar cerca de 6 metros quadrados com uma profundidade de cerca de 75 centímetros neste nível da caverna, que é o mais antigo”.
Segundo Sanz, o clima no qual viveram estes neandertais era muito frio, mas o mar, que hoje adentra parcialmente na caverna, se encontrava a uma distância de cerca de 7 quilômetros da entrada, e deixava em frente à caverna uma paisagem de estepes. EFE
jo/ma
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