Palestinos esperam decisão israelense sobre nova libertação de presos
Jerusalém, 26 mar (EFE).- Os palestinos ainda esperam informações sobre a quarta e última libertação de presos, prevista para o próximo dia 29 no marco das negociações de paz, a poucas horas do início do protocolo habitual de libertação empregado por Israel em ocasiões anteriores.
Nesta quinta-feira deveria começar o prazo de 48 horas estabelecido para que os cidadãos israelenses possam apelar ao Supremo Tribunal contra as libertações anunciadas, que em anteriores ocasiões foram aprovadas por um gabinete ministerial.
Antes, o governo israelense deve aprovar a libertação e a lista de réus deve ser divulgada pelo Serviço de Prisões israelense, que ainda hoje ainda não constava no site oficial.
“Aguardamos o que os Estados Unidos prometeram, que não dependia de qualquer condição, nem da renovação do diálogo nem de outras questões”, explicou à Agência Efe o vice-ministro de Assuntos para os Prisioneiros da ANP, Ziad Abu Ein.
“O secretário de Estado americano, John Kerry se deslocou a Amã para se reunir com (o presidente palestino, Mahmoud) Abbas e estamos pendentes deste encontro. Seguramente tentará utilizar seu poder e suas relações para evitar que Israel rompa as negociações e a confiança” neste processo, apontou o político palestino.
Fontes palestinas não quiseram antecipar quais seriam os efeitos sobre o processo de paz se ocorresse um cancelamento das libertações acertadas em julho de 2013.
“Os palestinos apelaríamos à comunidade internacional, faríamos qualquer coisa para conseguir uma solução”, disseram.
“Se não acontecer o combinado, os maiores perdedores seríamos os palestinos e os israelenses”, lamentou Abu Ein, que disse que este fato seria um grande castigo lançado por Israel sobre a região.
Quando os EUA entraram no patrocínio do processo de paz, Israel assumiu a libertação em quatro rodízios de 104 “antigos” presos palestinos detidos antes da assinatura dos Acordos de Oslo (1993).
Por sua vez, os palestinos se comprometeram a não comparecer a instituições internacionais nos nove meses de duração do processo negociador, cujo limite está fixado para o próximo 29 de abril.
As conversas foram mantidas em aparente estado de estagnação o que levou os EUA a tentarem ampliar o prazo de negociação, objetivo que espera que Kerry persiga hoje durante sua reunião com Abbas.
A questão dos presos foi amplamente debatida e os palestinos consideraram um gesto necessário para provar o compromisso de Israel com as negociações.
“Se Israel, que pode conduzir a libertação de 30 pessoas, que pode fazer isso se quiser, não o faz, como nós vamos confiar a região e o mundo árabe em geral nele para cumprir com um acordo de paz maior que implica assentamentos, refugiados etc?, questionou Abu Ein.
Em Israel, muitas foram as vozes dentro da sociedade e a esquerda e a direita políticas que se opuseram fortemente a esta medida.
Dias atrás, deputados da oposição israelense ameaçavam o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de “congelar” a construção em assentamentos em troca de não libertar mais “presos, terroristas e assassinos”. Semanas antes, outro grupo de parlamentares exigia a libertação de presos judeus condenados por atentar contra palestinos se Israel realizar o quarto rodízio de presos. EFE
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