Paris suspeita que haja outro francês entre homens que decapitaram americano

  • Por Agencia EFE
  • 17/11/2014 17h19
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Paris, 17 nov (EFE).- A procuradoria da França investiga se um segundo cidadão francês faz parte do comando do Estado Islâmico (EI) que aparece em um vídeo no qual os terroristas decapitam vários soldados sírios e o refém americano Peter Kassig.

“Ainda é cedo para saber se há outro francês, mas estamos investigando”, afirmou nesta segunda-feira o procurador-geral de Paris, François Molins.

Molins declarou que se trataria de um francês nascido em 1992, da mesma forma que Maxime Hauchard, que já foi formalmente identificado no vídeo, mas disse que, ao contrário do primeiro, não é natural da cidade de Rouen.

Na semana passada as forças da ordem francesas detiveram uma pessoa em Rouen, considerado um dos contatos na França de Hauchard, e a mantém sob detenção preventiva, segundo disse Molins.

O procurador traçou o percurso de Hauchard, filho de normandos, que segundo seu relato se radicalizou através da internet e aos 17 anos se converteu ao islã e começou a entrar em contato com uma célula islamita de Rouen.

Entre outubro de 2012 e maio de 2013 este jovem, cujo único antecedente era uma condenação ligada a uma infração de trânsito, fez duas viagens à Mauritânia, onde entrou em contato com grupos islamitas desse país, mas retornou decepcionado porque não os considerava suficientemente radicais, segundo o procurador.

Em agosto deste ano viajou à Síria através de Istambul com supostos fins humanitários, uma “fachada para ocultar que seu autêntico fim era alistar-se no Estado Islâmico”, disse Molins.

Nesses meses também tentou captar outros jovens para a causa jihadista, acrescentou o procurador.

Hauchard concedeu no último mês de agosto uma entrevista ao canal francês “BFMTV” na cidade síria de Raqqah na qual assegurava que queria “morrer como um mártir”.

Molins assinalou que foi aberta uma investigação judicial sobre estes dois indivíduos, acusados de assassinato e de associação de malfeitores com fins terroristas.

Um terceiro envolvido, detido em Paris, está acusado de cumplicidade, embora se desconheça por enquanto em que grau.

O procurador indicou que é muito provável que o de Maxime Hauchard “não seja um caso isolado” e destacou que foram investigados 1.132 franceses relacionados com organizações terroristas jihadistas.

Molins acrescentou que 93 pessoas foram detidas por estes casos, 48 das quais se encontram ainda na prisão, e que há 109 acusados, dos quais dez já foram julgados.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, assegurou que estes jihadistas “vão pagar nos tribunais pelos horrores que reivindicam”, ao mesmo tempo em que salientou que “não se pode baixar a guarda” perante este problema.

“O vídeo do EI procura causar medo e terror e nós não nos deixaremos intimidar”, indicou.

Por sua vez, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, disse que “a França, junto com seus parceiros europeus e internacionais, prossegue, sem descanso e com determinação, sua luta contra as ações terroristas”.

Na sexta-feira passada foi sancionada uma lei contra o terrorismo que, lembrou o ministro, prevê a retirada do passaporte de pessoas suscetíveis de integrar-se a grupos jihadistas.

Cazeneuve lançou “solenemente” uma mensagem a seus “compatriotas, e em particular aos mais jovens, que são o alvo principal da propaganda terrorista, para que abram os olhos à terrível realidade das ações do EI”. EFE

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