Parlamento argentino ratifica polêmico acordo econômico com a China
Buenos Aires, 25 fev (EFE).- O parlamento argentino ratificou nesta quarta-feira um polêmico acordo de cooperação econômica e de investimentos com a China, que é questionado pela oposição e suscita preocupação entre os industriais locais.
O acordo, que agora fica à espera da sanção presidencial, já tinha recebido o sinal verde do Senado argentino em dezembro do ano passado e hoje recebeu ratificação na Câmara dos Deputados, graças a maioria governista, com 133 votos a favor e 108 contra.
O convênio, assinado em meados do ano passado, desperta controvérsia principalmente no que diz respeito à adjudicação direta a empresas chinesas de obras de infraestrutura na Argentina que contem com financiamento de origem chinesa e às condições de entrada de mão de obra do país asiático.
Em defesa do pacto, o governo alega que permitirá a chegada de investimentos milionários ao país.
A votação de hoje também incluiu a aprovação, por 133 votos a favor e 107 contra, de um projeto que autoriza a instalação de uma estação espacial chinesa na província de Neuquén.
“Aqui não há nenhuma associação estratégica. Há um conto chinês de mau gosto que não só repete a especialização primária da Argentina, economizando postos de trabalho em um contexto de destruição de emprego, mas ameaça compromissos geopolíticos que põem em jogo nosso território”, disse durante o debate o deputado opositor Claudio Lozano, do partido Unidade Popular.
Por sua parte, o deputado José Ignacio de Mendiguren, da opositora Frente Renovadora, afirmou que o acordo prevê a entrega “do futuro do desenvolvimento argentino” já que não garante uma mudança da “matriz produtiva” da Argentina.
Pelo contrário, para o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, o governista Guillermo Carmona, o acordo permitirá “o acesso de divisas para melhorar no curto prazo a balança comercial com a China” e “modernizar a indústria argentina, aumentar sua concorrência e competitividade”.
Segundo Carmona, o convênio também aumentará o “volume do valor agregado das exportações argentinas” ao país asiático.
Nesta terça-feira, a União Industrial Argentina (UIA), a maior patronal do país, voltou a mostrar sua “preocupação” em relação ao convênio “pelos efeitos negativos que a implementação de dito acordo possa ter sobre a produção e o emprego nacional”.
A China é o segundo parceiro comercial da Argentina, depois do Brasil.
De acordo com os últimos números oficiais disponíveis, nos primeiros nove meses de 2014 a Argentina exportou à China produtos no valor de US$ 4,3 bilhões, com uma queda de 9% em relação ao mesmo período de 2013, enquanto importou do gigante asiático o equivalente a US$ 8,2 bilhões, com uma baixa anualizada de 2%. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.