Protestos, greves e violência desafiam a segurança durante a Copa

  • Por Agencia EFE
  • 10/06/2014 18h58
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Eduardo Davis.

Brasília, 10 jun (EFE).- Os protestos, uma avalanche de greves e a violência urbana são um desafio para o plano de segurança que o Brasil elaborou antes do início da Copa do Mundo, que mobilizará 157 mil policiais e soldados das três Forças Armadas.

Durante as semanas prévias ao grande evento do futebol internacional, o Brasil foi sacudido por constantes protestos contra os gastos públicos no torneio da Fifa e um sem-fim de greves, convocadas por diversos sindicatos que aproveitam a proximidade do Mundial para pressionar por melhores salários.

Os protestos contra a Copa não alcançaram até agora a dimensão das grandes manifestações ocorridas em junho de 2013 durante a Copa das Confederações, mas mesmo assim preocupam o governo, segundo admitiram o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e outras autoridades.

“Nossa sensação é que as manifestações serão menores, mas estamos preparados para tudo”, declarou Cardozo em uma recente entrevista coletiva, na qual apresentou o plano de segurança para o Mundial.

O ministro reconheceu que, perto do início da Copa das Confederações, os protestos “não estavam nas previsões” do governo, mas insistiu que no ano passado as manifestações não afetaram o torneio e que “nenhuma partida foi adiada ou atrasada”.

Cardozo também assegurou que, desde então, os corpos policiais foram treinados para evitar os “abusos” na repressão que houve no ano passado, que foram condenados por organismos de direitos humanos nacionais e estrangeiros.

“Não se pode aceitar abusos nem violência, seja de manifestantes ou de policiais”, afirmou Cardozo, que ressaltou, como todo o governo, que o protesto “será permitido, sempre que seja pacífico”.

Além das manifestações, as constantes greves, sobretudo do transporte público, são outro foco de tensão.

Nas últimas semanas houve greves de transporte no Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, entre outras das sedes do Mundial, que afundaram em um caos que pode se repetir durante o evento se os sindicatos voltarem a convocá-las durante o torneio.

Outro sindicato que ameaça paralisar durante a Copa é o da Polícia Federal, responsável por alfândegas e aeroportos e da fiscalização da entrada de estrangeiros no país, entre outros assuntos.

Um terceiro desafio para a segurança das 32 seleções e dos 600 mil estrangeiros que são esperados no Brasil para o Mundial é a crescente insegurança no país.

Um recente relatório elaborado sobre dados oficiais indicou que em 2012 foram registrados no Brasil 56.337 homicídios, o que representou um recorde e um aumento de 13,4% desde o ano 2002.

A estatística, elaborada pelo coordenador da Área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), Julio Jacobo Waiselfisz, diz que 6,4 pessoas morrem a cada hora no Brasil de forma violenta.

A fim de manter a ordem durante o mês que durará o Mundial, que começa em 12 de junho e termina em 13 de julho, as autoridades de segurança terão um grande centro de coordenação em Brasília, que estará em comunicação “permanente” com similares instalados nas outras 11 cidades sedes da Copa.

O governo informou que investiu R$ 1,9 bilhão em matéria de segurança para o Mundial, o que incluiu a compra de armas de “baixa letalidade”, câmeras de alta definição e equipamentos de inteligência, entre outros.

Além disso, as autoridades estarão ligadas nos torcedores violentos que podem chegar do exterior e terão uma vigilância particular sobre os “barras bravas” argentinos e os “hooligans” ingleses, que são os que mais preocupam.

“Há troca de informação com outros países”, que enviarão listas de suspeitos que “terão um acompanhamento especial” e aos quais é possível negar a entrada no país, alertou Cardozo.

No entanto, o maior temor é que se repitam os protestos que no ano passado marcaram a Copa das Confederações.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, admitiu que, como outras autoridades, apelou para paixão que o futebol desperta entre os brasileiros para tentar aplacar o descontentamento.

“Que se manifestem, mas que não criem problemas no país em um momento tão sagrado, no qual os olhos do mundo estarão postos no Brasil”, declarou. EFE

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