Remédios e atividades ajudam a superar trauma do massacre em Paris

  • Por Agencia EFE
  • 15/01/2015 15h29

Javier Albisu.

Paris, 16 jan (EFE).- As vendas de tranquilizantes dispararam na França desde o massacre terrorista que na semana passada em Paris, enquanto o país inteiro tenta se recompor da comoção com incontáveis homenagens às vítimas, que foram enterradas em emocionantes exéquias.

O caixão do desenhista “Tignous”, em madeira clara e coberto totalmente de desenhos, assinaturas e mensagens, recebeu nesta quinta-feira uma despedida sentimental em Montreuil, na periferia leste de Paris, entre centenas de pessoas reunidas na Prefeitura da cidade.

Durante o funeral, do qual participou a ministra da Justiça francesa, Christiane Taubira, foi entoada a canção italiana “Bella Ciao” (que termina com o estribilho “morto pela liberdade”), antes que o caixão fosse levado, entre aplausos, rumo ao cemitério de Père-Lachaise de Paris.

“Tudo pode ser desenhado, inclusive um profeta. Porque na França, país de Voltaire e da irreverência, existe o direito a rir de todas as religiões”, assinalou a titular de Justiça em seu discurso.

Horas antes, nesse mesmo cemitério, foi cremado o corpo de Wolinski, outro dos chargistas assassinado no ataque à redação da revista “Charlie Hebdo”. Depois suas cinzas foram levadas ao cemitério de Montparnasse, onde também terá sua sepultura a psicanalista da revista, Elsa Cayat.

Na quarta-feira, na intimidade, seus familiares receberam “Cabu”, outro dos cartunistas que deixaram órfã a revista comandada por “Charb”, que será enterrado nesta sexta-feira em Pontoise, ao norte da capital, no mesmo dia que o corpo do chargista Honoré será enterrado em Père-Lachaise.

Os três policiais mortos receberam tributo na terça-feira e os quatro clientes abatidos no supermercado judeu foram enterrados esse mesmo dia em Israel.

Transcorrida uma semana desde a espiral de morte iniciada por Amedy Coulibaly e pelos irmãos Chérif e Saïd Kouachi, as bancas francesas continuam esgotando em minutos cada nova remessa de exemplares do “número dos sobreviventes” de “Charlie Hebdo”, que imprimirá 5 milhões de cópias com uma caricatura de Maomé, de novo, em sua fachada.

Muitos franceses continuam procurando o exemplar simbólico, reduzido em suas páginas e elaborado na redação do jornal “Libération”, que abrigou os sobreviventes do atentado à revista para que os assassinatos não cerceassem a atividade da revista.

Outros cidadãos continuam indo – em silêncio – à sede da “Charlie Hebdo”, onde flores, lápis, livros, desenhos e mensagens continuando chegando à entrada da redação, da mesma forma que em muitas delegacias e outros lugares emblemáticos, como a praça da República.

No plano policial, a investigação se centra em identificar e localizar possíveis cúmplices dos ataques e em reconstruir os movimentos dos terroristas antes do massacre tanto dentro como fora da França.

Fontes antiterroristas apontam que Coulibaly, que executou uma agente municipal e quatro pessoas no supermercado judeu, passou por Madri no dia 1º de janeiro, em companhia de sua companheira, Hayat Boumeddiene, de quem se suspeita que esteja na Síria.

A França, onde as vendas de soníferos e tranquilizantes dispararam 18% desde os atentados terroristas, segundo o jornal “Le Figaro”, vai enterrando a dor e abrindo a porta para a reflexão.

Nas redes sociais, a popular hashtag #JeSuisCharlie, a mais utilizada na história do Twitter, vai cedendo a vez para o slogan #OnFaitQuoiMaintenant (Fazemos o quê agora?). EFE

jaf/ma

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