Republicanos esgotam prazo para bloquear acordo iraniano no Congresso dos EUA
Miriam Burgués.
Washington, 17 set (EFE).- O Congresso dos Estados Unidos tinha até esta quinta-feira como prazo para revisar o acordo nuclear com o Irã, e os democratas bloquearam uma nova tentativa republicana de fazer uma resolução de rejeição ao pacto, o que significa uma importante vitória do presidente Barack Obama na política externa.
Após fracassarem em duas tentativas anteriores, os republicanos foram outra vez incapazes de conseguir os 60 apoios necessários para proceder a uma votação final de uma resolução contra o pacto.
Somente um senador democrata, Joe Manchin, se uniu aos republicanos para tentar impor a resolução contra o acordo firmado em julho pelo G5+1 (EUA, Reino Unido, Rússia, China, França e Alemanha) com o Irã, cujo objetivo é controlar as atividades nucleares do país para que não desenvolva uma arma atômica.
A oposição republicana considera que o acordo, uma prioridade em política externa para Obama, é “um pacto ruim” que não evitará que os iranianos fabriquem uma bomba nuclear.
Os conservadores não conseguiram submeter a uma votação nem sequer no Senado um texto contrário ao pacto, e também ficaram longe dos dois terços de apoio que necessitavam em ambas as câmaras para invalidar o veto prometido por Obama a qualquer resolução contra o acordo.
O texto que os republicanos tentaram passar nesta quinta-feira, proposto pelo líder no Senado, Mitch McConnell, pretendia condicionar a suspensão das sanções contra o Irã. Desse modo, o governo iraniano deveria reconhecesse o direito a existir de Israel e libertar vários americanos detidos em seu território.
Os outros senadores democratas que expressaram rejeição ao acordo iraniano, Ben Cardin, Robert Menéndez e Charles Schumer, votaram contra essa resolução devido à referência a Israel.
Menéndez disse que rejeitou a resolução porque não quer dar a impressão de que apoiaria o pacto se o Irã reconhecesse o direito a existir de Israel e libertasse os americanos detidos.
O líder da minoria democrata no Senado, Harry Reid, classificou o procedimento como perda de tempo e lembrou que há assuntos urgentes a serem debatidos no Congresso, como a aprovação do orçamento para o novo ano fiscal antes de 1º de outubro, para evitar outra paralisação parcial do governo igual à de 2013.
Com poucas horas de margem para realizar uma nova votação antes da meia-noite, está quase garantido que o acordo com o Irã sairá imune da revisão do Congresso americano.
Em termos práticos, o fato do Congresso não conseguir bloquear o acordo permitirá que as sanções contra o Irã comecem a ser suspensas a partir do próximo ano.
Obama se envolveu de maneira muito pessoal, dedicando tempo e esforços, em uma campanha para tentar esclarecer as virtudes do acordo aos congressistas democratas.
Além disso, o presidente alertou ao Congresso que rejeitar o acordo nuclear seria o pior erro desde a invasão do Iraque e levaria a “outra guerra” no Oriente Médio.
Ao lembrar o vencimento do prazo dado ao Congresso, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, anunciou hoje a nomeação de Stephen Mull, ex-embaixador na Polônia, como coordenador da implementação do acordo nuclear.
As negociações e o posterior acordo com o Irã tensionaram ainda mais a complicada relação entre Obama e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que considerou o pacto um “erro de proporções históricas”.
A Casa Branca anunciou nesta quarta-feira que Obama receberá Netanyahu no dia 9 de novembro para conversar sobre o acordo nuclear, entre outros assuntos.
Em julho, poucos dias depois do anúncio do acordo, o secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, viajou a Israel e garantiu que o governo de Obama fará o possível para que o país possa se defender caso o regime iraniano viole o pacto. EFE
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