Constantino: Declaração de Maia tem embasamento, mas é infeliz
A declaração de Rodrigo Maia foi muito infeliz. Por mais que se trate de uma análise legítima e que tenha até algum tipo de embasamento, na minha opinião. Eu mesmo já fiz análises anteriores mostrando que o Bolsonaro era uma reação ao radicalismo da esquerda e a bolha progressista. Eu posso fazer esse tipo de análise, de forma independente. Ele não pode. Ele é presidente da Câmara dos Deputados.
O momento é inadequado. Logo após a aprovação histórica na Câmara da reforma da Previdência. Um momento de tentar distensionar um pouco esse clima polarizado. Então é uma frase infeliz em todos os aspectos.
É óbvio que Rodrigo Maia está mirando em 2022 falando que Bolsonaro “é o que temos para o jantar.” Ele é democrático e aceita o resultado das urnas, então tem que engolir o presidente até o final do mandato.
Por esse prisma, vale. O jogo político é legítimo. O governador João Doria também está se movendo nessa direção, bancando o independente, criticando e elogiando erros e acertos de Bolsonaro. Quer pegar uma carona no sucesso e na popularidade bolsonarista, mas sem se agarrar tanto porque quer se mostrar como uma alternativa mais moderada. Mesmo nicho que Rodrigo Maia quer ocupar. A gente entende a estratégia política, mas ele é o presidente da Câmara então temos que condenar.
Quando o presidente Bolsonaro faz declarações desse tipo contra o Congresso, ou quando os bolsonaristas avançam contra o próprio Rodrigo Maia, muitas pessoas na imprensa criticam e com razão.
Maia virou até um queridinho da mídia, não dá pra negar, e fez um trabalho muito bem feito pela reforma da Previdência, mas quando acontece o mesmo precisamos ser críticos também.
Por mais que tenha embasamento, a fala de Rodrigo Maia foi infeliz e ajuda a jogar mais lenha na fogueira. Eu tenho pena é dos bombeiros que tentam apaziguar os ânimos e manter um clima positivo entre poderes Executivo e Legislativo.
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