Constantino: Deputados não negam recursos públicos à disposição
Dos 513 deputados federais eleitos, todos podem contratar até 25 assessores e gastar uma verba de até R$ 111 mil. De acordo com dados de agosto deste ano, até o momento, 420 deles gastaram mais de 90% dessa verba de gabinete, enquanto 253 utilizaram mais do que 99% dos R$ 111 mil. Apenas 18 deles gastaram menos de dois terços dos recursos.
“É muito dinheiro, é um salário médio acima de R$ 15 mil por assessor e o mais interessante é que tem vários ali que fazem muito, entregam muito resultado como deputado e não usam isso tudo da verba. Ou seja: não é necessário usar tantos assessores, pagando tão alto assim para eles, para entregar resultado, o que quer dizer que tem alguma coisa por trás. E a gente sabe o que é: no fundo, a gente tem que analisar a política sem romantismo. São seres humanos que reagem a mecanismos de incentivos, que são muito perversos ali, e se há um limite legal para usar R$ 111 mil reais por mês com assessores, quase todo mundo vai usar.
Então quem são esses 18 que não usaram nem dois terços? Na verdade tem o Partido NOVO, que merece sempre os parabéns aqui porque isso é uma bandeira do partido, então eles são sempre cobrados por essa visão nova na política, então se eles adotarem os velhos mecanismos eles estão fritos do ponto de vista eleitoral. Se for ver os nomes isolados, temos Kim Kataguiri, Joice Halsselmann, o príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança. São nomes famosos, então para se reeleger eles não precisam desses assessores todos como máquina eleitoral e realmente conseguem ter postura mais decente em relação ao trato com a coisa pública. Os outros todos usam até o limite porque aí viram os cabos eleitorais, ele usam isso normalmente como política, para se eleger ou se manter no poder.
Não adianta, isso é assim, sempre foi e ainda é. fundamentado pela cultura patrimonialista no Brasil que sempre confundiu a coisa pública com a coisa privada, se eu tenho aquele benefício todo e se me é permitido usar, porque não usar? Quase todo mundo pensa assim. Tem que ter pressão da sociedade e tem que ficar em cima. Sempre que tiver recurso público à disposição, o mecanismo de incentivos é inadequado e vai ser usado de forma inadequada para a sociedade”, avaliou Constantino.
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