Constantino: Huck parece cada vez mais animado com o desafio do mundo político

  • Por Jovem Pan
  • 01/02/2020 07h34
Reprodução/Globo De acordo com o comentarista, há espaço à esquerda para um FHC mais novo, mais simpático, carismático e que vem de fora da política

O apresentador Luciano Huck ultrapassou o presidente Jair Bolsonaro no índice que mede a popularidade nas redes sociais. O resultado é do monitoramento da consultoria Quaest e considera 5 dimensões: número de seguidores, engajamento, mobilização, valência e presença.

Desde janeiro de 2019, quando a Quaest iniciou o monitoramento, Bolsonaro era o campeão isolado de popularidade entre 10 possíveis presidenciais observados. Em dezembro, contudo, ele foi ultrapassado pela primeira vez. O novo topo no ranking é ocupado por Huck, que alcançou um índice de 75.36. Bolsonaro ficou com 66.24 e, bem abaixo, em terceiro lugar, Lula com 29.09.

Os valores se referem às atividades nas redes de 1 ate 31 de dezembro de 2019. Antes que os isentos fiquem animados, é preciso lembrar que Luciano Huck é popular como apresentador, não como político. Suas investidas na politica, de olho em 2022, são recentes — e não é isso que o torna tao popular nas redes, mas sim o papel de bom moço desempenhado em seu programa na televisão.

Claro que uma coisa pode levar a outra — basta lembrar de Donald Trump. Não é segredo que o ministro paulo guedes, antes de casar com Bolsonaro, estava namorando com Huck — quem havia convencido a possibilidade de se considerar candidato. Guedes identificou no apresentador características importantes para uma eventual vitoria em um momento de cansaço dos eleitores com a politica profissional e a velha politica.

Eu tive oportunidade de conversar com Guedes durante a campanha sobre isso e ao menos um traço do perfil de Bolsonaro estava ausente em Huck: a imagem de antipetista. Enquanto a eleição for uma espécie de plebiscito sobre lula-petismo, quem for neutro terá poucas chances — já que o voto, antes de mais nada, diz respeito a rejeição ao bandido esquerdista.

Aquela selfie de Huck com Lula, portanto, vai assombrá-lo por algum tempo ainda — isso sem falar do rótulo de candidato da Globo e também do viés progressista nos costumes, além da questão da segurança que Huck não tem uma pegada tão firme quanto Bolsonaro.

Há espaço à esquerda para um FHC mais novo, mais simpático, carismático e que vem de fora da política — sem dúvida. Mas falta ao Huck certas qualidades que a maioria cansada do povo não enxerga no progressismo.

O selo de liberal na economia ele consegue com Armínio Fraga, mas haverá uma desconfiança grande e legitima. O que não quer dizer que não ofereça perigo ao bolsonarismo, tanto que o ataque já começou faz tempo com a narrativa do tal jatinho subsidiado pelo BNDES — que pega tb de casquinha João Doria. É a tentativa de neutralizar o potencial adversário antes mesmo dele decidir se lançar nessa aventura.

Huck parece cada vez mais animado com o desafio do mundo politico. As articulações já começaram e, em Davos, o apresentador já falou como candidato. Será interessante acompanhar isso daqui p frente.

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