Constantino: Não há rota alternativa fora do liberalismo de Guedes
O secretário especial de Desestatização, Desinvestimentos e Mercados, Salim Mattar, declarou que o governo federal está buscando uma forma de acelerar os projetos de privatização para os próximos anos. Segundo ele, as vendas e concessões devem acontecer “muito em 2020, e mais ainda em 2021”. Dias antes, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) reforçou seu apoio ao plano de governo do ministro da Economia, Paulo Guedes, dizendo que “a economia é 100% com o Guedes”e que não haveria “plano B”.
“O namoro do Bolsonaro com o liberalismo é recente. Guedes virou o ‘Posto Ipiranga’ de Bolsonaro durante a campanha, ele tinha conhecido o ministro há pouco tempo e, até então, Bolsonaro não possuía, em seu histórico, uma defesa das pautas liberais. Tudo isso é muito recente, o que gera algum desconforto. Nessa entrevista que ele deu ao Estadão, ele foi muto enfático ao dizer que não tem plano B e que está 100% com Guedes – e a gente quer acreditar nisso, mas sabemos que há algum desgaste produzido até porque, talvez, o ministro tenha vendido resultados mais rápidos do que pode entregar. Há obstáculos na questão das privatizações e das reformas liberais também, com o Congresso.
Esperamos que o presidente entenda, de fato, a importância de casar com essa agenda reformista-liberal e manter o economista no cargo durante toda a sua gestão. Hoje, o editorial do Estadão lembra que, nessa mesma entrevista, Bolsonaro disse que para sentir o pulso da população – coisa que ele tinha mais termômetro quando era deputado e podia sair em campo – ele usa as redes sociais, o que é perigoso. O editorial fala justamente em um populismo virtual, ou seja: se o critério do presidente for escutar as redes sociais e sua militância raivosa, há um perigo maior de uma espécie de litígio com o liberalismo, porque a gente sabe que há uma parte da militância bolsonarista que tem um viés mais populista, mesmo, e pode flertar com medidas mais curto-prazistas.
Se o presidente está usando isso como termômetro, eu acho perigoso. Então eu quero crer que não há, de fato, plano B, e que Bolsonaro entendeu que sem essa agenda reformista-liberal, sem o selo de qualidade Paulo Guedes, ele perderia muito do seu capital político, inclusive perante o público ligado a investimentos, empresas, ao mercado financeiro e ao que ajuda a trazer investimentos produtivos para o país. Ou seja: não há, de fato, plano B, e não há rota alternativa fora do liberalismo do Guedes”, disse Constantino.
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