Constantino: Redução do desmatamento tem que vir com desenvolvimento econômico
O coronel da reserva Darcton Policarpo Damião foi anunciado, nesta segunda-feira (5), como o novo diretor interino do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), substituindo Ricardo Galvão, exonerado na semana passada após uma série de discussões com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre os números do desmatamento na Amazônia. Damião assume o cargo com a promessa de dar “transparência total aos dados sobre o desmatamento no país”.
“A indicação parece boa. O currículo, a meritocracia, parece que foi respeitada. Ele tem mestrado pelo próprio Inpe, doutor pela Universidade de Brasília, professor do ITA, entende do assunto. Damião deu uma entrevista hoje para um jornal falando sobre olhar para frente, e não para trás, e que não é uma aquarela, uma briga que vai definir um órgão tão competente e com uma trajetória tão respeitada como o Inpe.
Eu acho que existe, também, muito barulho. Eu entendo que a retórica do presidente não ajude. Essa coisa de ‘maus brasileiros’ que falam mal da Amazônia e traem o país não ajudam, mas eu estive com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e também vi as explicações que ele deu em público, e parecem convincentes. Houve muito ruído, um problema de comunicação, eu acho que a demissão do Ricardo Galvão se tornou inevitável, uma vez que ele trouxe a público uma reação à fala de Bolsonaro daquela forma, e o próprio ministro Marcos Pontes deu uma entrevista dizendo que ele considerava a situação insustentável e não poderia mantê-lo no Inpe após aquilo. Então houve um erro de comunicação. As críticas que Salles e o governo fizeram a forma como os dados do Inpe foram abordados pela imprensa me parecem legítimas, inclusive um professor, Alexandre Galvão Patriota, da USP, também alegou que fazem sentido essas críticas.
Há críticas técnicas, eu concordo com a comprovação de que tem que ter uma alternativa, tem que ter algum critério, o próprio Salles reconhece que houve um aumento no desmatamento, mas eu vejo, nesse assunto, muita histeria, sim. Em que pese a retórica do presidente, como eu disse, eu recomendo a todos a palestra do Evaristo de Miranda, da Embrapa, onde ele mostra a questão do desmatamento do Brasil e do mundo e conclui mostrando, não é uma opinião, ele mostra que há, sim, uma campanha, que é aquela velha máxima ‘florestas lá, fazendas aqui’. Ou seja, que há um motivo nesse discurso de preservar reservas indígenas, florestais, para que não nos tornemos mais competitivos naquilo que temos vantagem competitiva, que é o agronegócio, isso me parece fora de questão. Então tem que tomar cuidado com essa histeria. Podemos reduzir o desmatamento, mas o desenvolvimento econômico tem que andar junto, não são coisas excludentes. Me parece que há uma inclinação mais ideológico, ambientalista, que parece que quer impedir o nosso progresso”, disse Constantino.
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