Constantino: Trump não é ‘amiguinho’ do Brasil e vai defender interesses próprios

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse, nesta segunda-feira (2), que vai retomar, de imediato, a imposição de tarifas a importações de aço e alumínio do Brasil e da Argentina. De acordo com ele, os países “vêm promovendo maciça desvalorização” de suas moedas, “o que não é bom” para produtores agrícolas americanos.
“O presidente Trump sempre teve uma espécie de resquício mercantilista, ele deixa isso muito claro em vários discursos e livros. Para ele, importar é algo ruim, exportar é algo bom e o déficit da balança comercial é uma coisa importantíssima. Eu acho que ele está muito errado nisso, para mim é o calcanhar de Aquiles da visão econômica dele, mas ele é um nacionalista que quer proteger a nação – que, segundo ele, é sinônimo de proteger os produtores, mesmo que às custas dos consumidores, que terão produtos mais caros.
Então eu acho que a medida dele é, do ponto de vista econômico, equivocada. É antiliberal e faz mal à nação e à prosperidade da América, além de punir os consumidores americanos em prol de alguns poucos produtores influentes. É óbvio que ele está de olho em questões político-eleitorais, tem eleição nos Estados Unidos ano que vem, ele quer agradar essa turma mais produtora, então ele está de olho nisso.
Agora, isso também chama a atenção para a incoerência dessa ‘liga dos nacionalistas’ – da qual o bolsonarismo faz parte. Eles todos idolatram muito Trump sem se dar conta de que nacionalismos populistas, quando viram assunto global, serão sempre contraditórios – porque estará visando o interesse da sua própria nação contra o outro. Então isso mostra que a questão da geopolítica brasileira não pode ser na base da camaradagem, achando que o Trump é um amiguinho que vai ajudar o Brasil.
Trump está lá para atender aos interesses americanos, segundo o próprio nacionalismo. Eu acho que ele está errado em fazer essa medida, mas está dentro do arcabouço da visão de mundo nacionalista da qual o próprio governo Bolsonaro também compartilha. Então é bom para se tocar disso e aprender que cada um tem que olhar seus interesses, e não ficar achando que vai ser amiguinho um do outro”, avaliou Constantino.
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