Rodrigo Constantino: É preciso sucesso de presidentes de bancos públicos, pois reação será forte
O ministro da Economia, Paulo Guedes, empossou nesta segunda-feira (07), durante cerimônia no Palácio do Planalto, os novos presidentes do BNDES, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil.
O evento teve a participação do presidente Jair Bolsonaro, que preferiu prestigiar o ministro após desencontros de informações sobre a área econômica.
Assumiram, respectivamente, Joaquim Levy, o BNDES; Pedro Guimarães, a Caixa; e Rubem Novaes, o Banco do Brasil.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que as intervenções no Banco do Brasil, na Caixa e no BNDES foram “danosas”. Ele criticou, por exemplo, o modelo de priorizar “os campeões nacionais”, como feito na era PT. “Nós, liberais, não gostamos disso.”
Guedes também afirmou que a Caixa foi vítima de saques, fraudes e assaltos, “como vai ficar muito óbvio à frente”. Mas liberal vai aplaudir gestores de bancos públicos mesmo sendo liberais? A pergunta, que poderia ser feita por um libertário mais purista, é legítima. Claro que para os liberais o ideal seria privatizar esses bancos. Mas isso soa utópico demais hoje.
Logo, no mesmo estilo da Universidade de Chicago, casa de Milton Friedman e escola do próprio Guedes e de Rubem Novaes, resta partir para as “second best solutions”, ou seja, aquelas soluções viáveis e pragmáticas dadas as circunstâncias. Se não tem cachorro, caça como gato.
Colocar esses liberais no comando desses bancos estatais, com total alinhamento à pauta geral de redução do escopo estatal ditada por Guedes e com a meta de abrir suas caixas-pretas, significa desfazer boa parte das lambanças que foram feitas nos governos anteriores, onde a politização dessas instituições foi plena, regada a muita demagogia e populismo.
A missão deles, portanto, é nobre: assumem o poder para reduzi-lo. Sentam na cadeira da presidência de bancos gigantes com o intuito de diminuir o balanço deles, pagar parte das dívidas assumidas com o Tesouro, cortar as mamatas políticas, acabar com o cabide de empregos, permitir mais espaço para o avanço do setor privado no crédito, já que hoje metade da carteira total no país está nas mãos desses três bancos públicos.
Em “O manifesto comunista”, Marx e Engels colocam no quinto item de uma lista de dez a concentração do crédito no estado como meta para o comunismo.
O Brasil, até aqui, foi um ótimo aluno marxista, e daí o péssimo resultado econômico, a corrupção descontrolada, os esquemas infindáveis. Esses novos gestores chegam com a noção clara de que é preciso reverter esse quadro, vender ativos, devolver ao mercado a iniciativa de crédito. Espero que sejam bem-sucedidos, pois a reação dos grupos de interesse será forte.
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