Rodrigo Constantino: Intrigas palacianas podem render, mas são as reformas que definirão o Governo

Luis Macêdo/Câmara dos Deputados O ti-ti-ti de intrigas palacianas pode render boas discussões nas redes sociais, mas o que vai definir o governo atual mesmo, se será um sucesso ou um fracasso - é justamente a pauta de reformas

Nesta quarta-feira (20) o presidente Bolsonaro foi pessoalmente entregar a proposta de reforma da Previdência no Congresso, corroborando a ideia de que se trata de sua maior prioridade nesse começo de governo. E está certo: é mesmo.

E o presidente não decepcionou. Sua equipe econômica, liderada por Paulo Guedes, apresentou uma proposta mais dura do que a de Temer, em especial com os funcionários públicos, que fazem parte da elite privilegiada do país e representam o maior rombo em aposentadorias.

A explicação para jornalistas foi extremamente técnica e transparente, um show de respeito para com a coisa pública. Os mais pobres serão poupados: quem ganha até um salário-mínimo pagará uma contribuição menor. A alíquota foi reduzida de 8% para 7,5%. Já quem recebe mais teve a alíquota levemente majorada: de 11% para 11,68%.

A economia total seria superior a um trilhão de reais em dez anos. Trata-se de medida crucial para estancar a sangria fiscal, hoje descontrolada.

O maior desafio agora será aprová-la. Para entrar em vigor, a nova legislação precisa ser aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado, em dois turnos em cada Casa, com votos de no mínimo três quintos (60%) dos congressistas – isto é, de pelo menos 308 dos 513 deputados, e 49 dos 81 senadores.

Haverá muita pressão dos grupos organizados, que saem “perdendo” (apenas no curto prazo, pois sem reforma, no longo prazo TODOS perdemos). O maior teste será a articulação do governo em meio a essa crise desnecessária envolvendo Bebianno e Carlos Bolsonaro.

O Brasil esclarecido aguarda ansioso pelos próximos capítulos. Afinal, o ti-ti-ti de intrigas palacianas pode render boas discussões nas redes sociais, mas o que vai definir o governo atual mesmo, se será um sucesso ou um fracasso – é justamente a pauta de reformas, a mais relevante sendo esta da Previdência. Se for aprovada sem muitas emendas que desfigurem a coisa, então o Brasil tem salvação. Aguardemos…