Rodrigo Constantino: Menos Bannon e mais Guedes
O Estadão publicou neste fim de semana uma reportagem de José Fucs sobre um jantar entre Steve Bannon e Olavo de Carvalho, em que o “guru” de Trump teria perguntado ao “guru” de Bolsonaro sobre seu grau de influência no “liberal de Chicago”, referindo-se a Paulo Guedes.
Bannon lidera um movimento nacionalista contra o globalismo, mas seu radicalismo foi excessivo até mesmo para Trump, que o dispensou do governo. Os inimigos apontados por Bannon, como George Soros e a ONU, são reais, mas isso não quer dizer que seus métodos sejam desejáveis.
Há em seu grupo de líderes gente um tanto antiliberal, e o liberalismo econômico é visto com certo desprezo por esses “conservadores” mais reacionários, que se enxergam como templários numa cruzada para resgatar a civilização ocidental.
Lucas Berlanza, do Instituto Liberal, resumiu bem o que está em jogo nesse embate de forças dentro do governo Bolsonaro, entre a turma “olavista” e a equipe liberal de Guedes: “Sem as reformas, a começar pela da Previdência, o país se inviabiliza. Sem reformas, sem governo”.
Vai ao encontro do que tenho dito aqui: mesmo os mais reacionários precisam entender que as reformas de Guedes são cruciais para viabilizar a agenda conservadora de costumes.
Lucas acrescentou: “Paulo Guedes e sua agenda precisam estar acima de quaisquer picuinhas. São urgentes e indispensáveis para o Brasil. O interesse nacional não é avançar a agenda do nacionalismo econômico. O interesse nacional é equacionar as contas, comercializar com o mundo inteiro, gerar riquezas e empregos. Tudo com sobriedade e respeito às leis e à democracia, o que é nada mais que o óbvio”.
E caso a turma inspirada em Bannon declare guerra a Guedes e suas reformas liberais, em nome dessa cruzada nacionalista, teremos de marcar posição. “Não abriremos mão do liberalismo de Paulo Guedes”, concluiu o autor. Está certo. Precisamos de menos Bannon e mais Guedes!
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