Rodrigo Constantino: Pregar prisão de diretoria da Vale é jogar para a plateia de forma demagógica
Entendo a revolta geral com a Vale, gente atacando a ganância pelo lucro como causa da tragédia em Brumadinho, mas é preciso ter calma nessa hora. A esquerda está fazendo a única coisa que sabe fazer: tirar proveito político de uma desgraça com vítimas humanas. Ou seja, os oportunistas de esquerda dançam em cima dos cadáveres ainda frescos e enlameados, com o único intuito de promover sua agenda ideológica estatizante. Vários aproveitaram a ocasião para condenar a privatização da Vale em si e as privatizações em geral. É algo asqueroso de observar, ainda que nada surpreendente.
Acidentes – culposos ou dolosos, por negligência ou não – ocorrem com várias empresas, e certamente empresas estatais costumam ser menos responsáveis. Vamos lembrar de Chernobyl? Afinal, sua sobrevivência não depende de sua reputação e quando estoura uma multa bilionária isso em nada afeta seus servidores públicos. Já na empresa privada há impacto direto no bolso dos acionistas e executivos, que recebem bonificações mais variáveis e agressivas do que em estatais.
O sucesso da Vale após a privatização é estrondoso e evidente. Demonstrei por A + B em meu livro Privatize Já. Apesar de evidentes retrocessos na gestão petista, inclusive com a demissão do então presidente Roger Agnelli.
Mas… acidentes acontecem, e os responsáveis devem pagar caro por isso. É a impunidade o maior convite ao crime. Todos que tiveram dose de culpa nessa tragédia devem ser punidos, após as devidas investigações. Mas pregar, como alguns têm feito, a prisão de toda a diretoria é jogar para a plateia de forma demagógica. E tampouco pode-se deixar de fora a parcela estatal no desastre. Quem autorizou a barragem? Quem concedeu a licença?
O secretário-geral de privatizações, Salim Mattar, disse hoje que a Vale não pode ser sacrificada pela sociedade, mas sim os responsáveis pela tragédia em Brumadinho (MG) com o rompimento da barragem. “Neste desastre terrível, estou vendo a sociedade sacrificando a companhia, quando deveriam ser sacrificadas as pessoas que tomaram as atitudes”, disse Mattar, durante abertura de conferência do Credit Suisse na capital paulista.
“A Companhia não fez mal a ninguém, o CNPJ não fez mal a ninguém”, afirmou o executivo. “Os erros foram cometidos por seres humanos e essas pessoas é que devem pagar e não a companhia”, disse ele.
Quem está focando sua revolta toda contra a Vale em si, ou pior, contra a sua privatização, está apenas bancando o inocente útil de esquerdistas safados.
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