Rodrigo Constantino: Reforma previdenciária é um caso de tudo ou nada

  • Por Rodrigo Constantino/Jovem Pan
  • 26/02/2019 09h16
Luis Macêdo/Câmara dos Deputados O recado está dado: Maia está chamando Bolsonaro para o jogo, cobrando sua participação mais ativa para aprovar a reforma

Nossa Previdência Social hoje é um avião em queda cheio de bomba-relógio, para usar metáfora do ministro Paulo Guedes. Ou seja, trata-se de um modelo insustentável, e se uma Nova Previdência, como aquela proposta, não vingar, nossa economia vai quebrar. Compreender a urgência da reforma, portanto, é fundamental.

Mas, como disse Rodrigo Maia em entrevista ao Valor nesta segunda, o governo está perdendo a batalha da comunicação. Ele diz que o presidente precisa mostrar aos parlamentares que o bônus da reforma (investimentos e recuperação da economia) serão compartilhados entre os atores políticos, pois as eleições de 2020 e 2022 já estão na roda de negociações.

Em um trecho, o presidente da Câmara vai direto ao ponto: “O nosso risco não é o mérito da matéria. Se o debate for feito de forma transparente, com lealdade entre as partes, tenho certeza que 80% do que está na reforma pode ser aprovado, 90%. Como o enfrentamento não é transparente, se o governo ou a estrutura da comunicação do presidente não entrarem no enfrentamento nas redes, tem um risco muito grande de perder votos”.

O recado está dado: Maia está chamando Bolsonaro para o jogo, cobrando sua participação mais ativa para aprovar a reforma. É hora de pragmatismo e de arregaçar as mangas e partir para a batalha da comunicação, principalmente nas redes sociais.

A militância bolsonarista é muito boa em atacar pessoas que criticam o governo, mas agora será fundamental uma mobilização para explicar a importância da reforma. É algo mais propositivo, talvez alheio ao perfil dominante nessa militância. Por isso o próprio presidente tem que entrar em campo com muito foco e determinação, para liderar sua base de apoio.

Se o Congresso aprovar a proposta, as previsões são boas: crescimento de quase 3% neste ano e em 2020, chegando a 3,3% daqui a quatro anos. Sem reforma, haverá queda do PIB.

O que está em jogo é o futuro da nossa economia e, por tabela, do próprio governo Bolsonaro. O presidente precisa ter noção da urgência disso, e do seu papel como líder. Melhor escutar o alerta de Rodrigo Maia.

Um amigo meu, deputado de um partido da base aliada do governo, disse que sua bancada só tem garantido o seu próprio voto a favor da reforma até aqui. Falta articulação. Falta o presidente colocar a mão na massa. Falta pressão nas redes sociais. A reforma previdenciária é um caso de tudo ou nada.

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