Rodrigo Constantino: Relação entre Brasil e EUA não é de subserviência, mas de aproximação saudável
A visita de Bolsonaro aos Estados Unidos foi simbólica ao destacar não só a afinidade ideológica entre os dois governantes, como o que isso significa em termos de reaproximação entre os dos países. É verdade que nosso presidente parecia, em alguns momentos, uma criança diante de seu ídolo, e isso levou alguns jornalistas a falarem em “subserviência”, acusação alimentada pela decisão de retirar exigência para vistos de turista de forma unilateral.
Por que isso seria sinal de bajulação? A questão é simples: liberar turistas sem visto é bom ou ruim para o Brasil? Esqueça o “princípio básico da diplomacia”. E se foi bajulação, então bajularam japoneses e canadenses também, não? Leandro Narloch resumiu bem a coisa: “A decisão de liberar o visto para os maiores mercados de turistas do mundo trará mais benefícios ao Brasil que todos os ministros do Turismo que este país já teve, somados”.
Não vejo a relação como uma de subserviência, e sim uma saudável aproximação que foi impedida no passado justamente pelo excesso de ideologia. Ou seja, o ranço antiamericano, tão presente em nossa mídia e nossa academia, sempre se fez presente, e isso serviu como obstáculo para um relacionamento mais próximo entre os dois países.
Ao citar jeans, Coca-Cola e Disneylândia, por exemplo, o ministro Paulo Guedes quis apenas mostrar que existe uma similaridade cultural entre os dois povos, e que no fundo nossa população admira a América e o que ela representa. Mesmo a esquerda “intelectual” e nossos artistas, que adoram detonar a terra do Tio Sam em discursos, escolhem os Estados Unidos como destino preferido, inclusive quando buscam “refúgio” contra terríveis (e imaginárias) ameaças fascistas.
Foi Roberto Campos quem melhor definiu a hipocrisia dessa turma: É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar – bons cachês em moeda forte; ausência de censura e consumismo burguês; trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola…
Sejamos sinceros: esses mesmos que criticam a “subserviência” com Trump estariam se derretendo de emoção se um presidente brasileiro lambesse as botas de um Fidel Castro da vida!
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