Rodrigo Constantino: Sem a reforma previdenciária, o restante do Governo morre na praia
“Quando o paciente chega no pronto socorro com hemorragia, você tem que estancar o sangue. Ingressar em uma pauta de costumes, como Escola sem Partido, num momento em que se discute a reforma da Previdência, divide esforço e energia. O resultado pode não ser bom”, disse o senador Major Olímpio, do partido do presidente. Ele está certo.
Reportagem do GLOBO deste domingo afirmava que, para aprovar a reforma da Previdência, o governo deixará em segundo plano outras pautas, como segurança e costumes, cujos ministérios responsáveis deverão analisar o que pode ser mudado por decreto no começo. A intenção é concentrar os esforços no Congresso para as mudanças econômicas, em especial a reforma previdenciária.
Isso é música não só para meus ouvidos, como para o dos investidores, ou seja, o tal “mercado”. A metáfora usada pelo Major Olímpio é perfeita, e pode ser adaptada para outros exemplos: quando há o risco de gangrena, a decisão difícil, porém necessária do médico é a de amputar o membro. Ou isso, ou o indivíduo morre.
Sem a reforma previdenciária, uma que seja ao menos razoável para impedir o crescimento do rombo na taxa atual, o restante do governo morre na praia, e a guinada fundamental na área dos costumes será impossível.
Portanto, mesmo quem prioriza a guerra cultural em vez de a reforma econômica precisa entender que, sem esta, não há chances para aquela. Reforma da Previdência tem que ser “a” prioridade do novo governo, e governar é escolher prioridades, já que não dá para fazer tudo ao mesmo tempo. Merece aplausos o governo se realmente seguir nesse caminho.
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