Cada morte por Covid-19 no Brasil custa R$ 843 mil a menos na economia
Segundo um estudo da FGV, as pessoas economicamente ativas que morreram em decorrência do coronavírus produziriam 182,6 bilhões para o PIB nacional
Junto com as vidas tomada pela Covid-19, perde-se a contribuição que cada vítima ainda poderia dar à economia. E também seu conhecimento acumulado. A perda humana é irreparável, mas o prejuízo para o Produto Interno Bruto (PIB) vem sendo estudado pelos economistas Claudio Considera e Juliana Trece, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). No ano passado, os dois produziram uma versão preliminar dos resultados. Apenas entre as pessoas economicamente ativas, a perda de vidas havia causado um dano para a economia de R$ 36,1 bilhões, correspondentes ao que as pessoas entre 20 e 69 anos receberiam se tivessem seguido a expectativa de vida dos brasileiros, de 76,6 anos. Na média, a perda por vida foi de R$ 570,4 mil.
Eram brasileiros e brasileiras que, em sua maioria, ainda trabalhavam, recebendo salários e outros rendimentos, com uma minoria de aposentados. Naquele momento, o Brasil tinha 147 mil mortos por Covid-19. Em maio, com os números beirando os 450 mil, os pesquisadores olharam de novo o estudo. Os dados abrangem as mortes entre a segunda quinzena de março de 2020, começo da pandemia, e a primeira quinzena deste mês. Mais uma vez, o foco principal está nas pessoas em idade economicamente ativa, dos 20 aos 69. Um total de 216,6 mil vítimas do coronavírus, que, somadas, produziriam para o PÌB R$ 182,6 bilhões. Com o avanço da pandemia, matando mais jovens neste ano, o valor por vida perdida subiu. Hoje é de R$ 843 mil. Em São Paulo, Estado mais rico, o valor é ainda maior. Cada vida perdida significa R$ 969 mil a menos para a economia.
Existem ainda os efeitos fiscais. Muitos mortos entre os mais jovens deixarão pensão para os dependentes. Ao mesmo tempo, a morte de um grande número de aposentados com mais de 70 anos, mais da metade dos óbitos, deve ter impacto na Previdência, que deixará de pagar benefícios precocemente. É de se ressaltar, como faz o estudo, que são pessoas que podiam continuar conosco se houvesse melhores orientações na pandemia e uma vacinação mais rápida. Felizmente, a imunização agora avança. Apesar da ameaça de uma terceira onda no Brasil, é questão de tempo para o país vacinar sua população. Mas com um custo humano e financeiro enorme.
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