Com BDRs, pequeno investidor ganha mais opções

Papéis já faziam parte da B3, mas a negociação estava restrita aos chamados investidores qualificados, que possuem ao menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras; com a liberação, qualquer pessoa poderá ter uma carteira mais variada

  • Por Samy Dana
  • 23/10/2020 10h00
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BRUNO ROCHA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Ibovespa, referência da B3, opera acima dos 125 mil pontos com o otimismo global Ibovespa, referência da B3, opera acima dos 127 mil pontos

Pequenos investidores ganharam uma opção importante para diversificar suas carteiras. A partir desta quinta-feira, 22, eles podem comprar e vender BDRs ou brazilian depositary receipts. São certificados de depósito de valores mobiliários, papéis que replicam a variação no exterior das ações – algumas da Apple, Google, Amazon, Netflix e muitas outras entre as principais empresas do mundo. São papéis que já faziam parte da B3, mas até agora a negociação estava restrita aos chamados investidores qualificados, que possuem ao menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras. Mas a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu democratizar o mercado de BDRs, satisfazendo uma demanda de longa data do mercado financeiro.

Com a mudança, poderão ser negociados papéis que representem ações de empresas estrangeiras ou ETFs (Exchange Traded Funds). A exigência de que os papéis façam parte de um mercado reconhecido foi o que atrasou o início das negociações. A mudança, anunciada em agosto, estava marcada para 1º de setembro. Mas foi preciso primeiro definir o que seria esse mercado, começando com as bolsas dos Estados Unidos.

Mas como funciona?

Você não compra uma ação, mas um papel que é emitido por um banco ou financeira, lastreado na variação da ação original. Se for, por exemplo, uma BDR que acompanha as ações da Amazon, se o papel sobe 1% lá, sobe 1% aqui. Se cai 1% lá, cai 1% aqui. Além das empresas estrangeiras, os investidores nacionais vão poder comprar e vender também papéis lastreados nas ações de empresas brasileiras negociadas no exterior. É o caso da Stone, operadora de máquinas de cartão, XP, Pagseguro e Arco Educação.

Na bolsa brasileira, já eram negociadas antes de agosto 670 BDRs. Desde o anúncio da ampliação aos investidores de pequeno porte outras 120 passaram a ser oferecidas. Com isso, aumentam muito as opções para os investidores. Antes era mais difícil e a exigência, de ter um milhão investido, era para poucos. Agora vai ser possível a qualquer pessoa ter uma carteira mais variada. O que é bom para os investidores, principalmente em um momento em que o número de pessoas físicas na B3 passa de três milhões. Alguns analistas especulam que as BDRs podem frear um pouco a febre de IPOs, ofertas iniciais de ações, que vêm em um ritmo frenético no Brasil. Pode não ser o caso. Mas de qualquer maneira o mercado amadurece um pouco mais.

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