Crise energética não afeta só o Brasil; problema agora é mundial
Nos Estados Unidos e na Europa, preocupação é o gás e o petróleo; já a China elevou o consumo de energia em 13,8%, mas a produção só aumentou 11,3%
No Brasil, a crise hídrica eleva a conta de luz e ameaça o país com um racionamento, caso não chova em quantidade suficiente a partir de novembro. O problema também eleva a inflação e ajuda a derrubar a Bolsa de Valores. Mas o Brasil não é o único país a enfrentar uma crise de energia. Nos Estados Unidos, o problema é o preço da gasolina, que sobe 50% no ano, além do gás, cujo valor dobrou em 2021 no país. A situação só não é pior do que na União Europeia e no Reino Unido, onde o valor quadruplicou — aumento de 300%. Enquanto o Brasil depende mais das hidrelétricas, que produzem energia com a força dos rios, a Europa usa muito mais o gás e o petróleo, responsáveis por 77% do fornecimento de energia à população.
As fábricas do continente, por exemplo, funcionam a gás. No caso europeu, o problema estaria na Rússia, que fornece 65% do gás e 65% do petróleo consumidos no continente. Não se sabe bem a razão, mas o país não tem aumentado a oferta para acompanhar a demanda, que cresceu com a recuperação da economia europeia após os efeitos da Covid-19. No centro desta crise energética, está a China. O país elevou o consumo em 13,8% de janeiro a agosto, mas a produção só aumentou 11,3%. Ainda há os efeitos da decisão do governo de reduzir nos próximos quatro anos a produção das usinas a carvão, mais poluidoras, que hoje fornecem metade da energia consumida no país. Para cumprir a meta, a China está comprando mais gás no mercado internacional, elevando os preços.
Ainda há o petróleo, cujos preços atualmente do barril do tipo Brent estão na faixa dos US$ 80, os mais altos em três anos. Além disso, a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) não dá sinais de que vai aumentar a produção, alegando que os preços andaram em patamares muito baixos. O resultado é uma crise energética mundial, com efeitos sobre a produção e o crescimento. Com os cortes de energia na China, muitas fábricas estão paralisando a produção, como aconteceu recentemente com a Apple e a Tesla. Componentes já em falta na indústria, como chips e semicondutores, podem se tornar ainda mais escassos e, somando com a recuperação das economias e da demanda dos consumidores, o resultado pode ser mais inflação a caminho.
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