Defasagem dos preços dos combustíveis ultrapassa 20% nos dois primeiros meses do ano
O valor do barril tipo Brent, que é referência para Petrobras, subiu de R$ 433,26 para R$ 521,10, mas há aproximadamente 50 dias não ocorre um reajuste
No ano passado, os preços da gasolina e do diesel subiram quase 45% e acompanharam a alta do petróleo no mercado internacional, que foi de 49%. Dois mil e vinte dois não tem sido assim. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo), desde o início do ano até a última data de pesquisa, em 26 de fevereiro, o preço do litro de gasolina caiu de R$ 6,618 para R$ 6,56 (variação de -0,88%). Já o preço do barril tipo Brent, que é referência para Petrobras, subiu de R$ 433,26 para R$ 521,10 (20,27%). Há aproximadamente 50 dias não ocorre um reajuste. É razoável os repasses não serem diários por conta da volatilidade dos preços do petróleo. No entanto, essa é a maior defasagem em dez anos em relação ao PPI, o chamado preço de paridade de importação, o custo do combustível importado que entra no país, de acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
A Petrobras só não está vendendo com prejuízo contábil porque possui estoque comprado há dois meses, com o petróleo na faixa dos US$ 90 o barril. Hoje o preço está próximo a US$ 130, mas é questão de tempo até o custo começar a pressionar o caixa da empresa. Não é à toa que, inclusive, afetou as ações da estatal no final da semana passada na Bolsa. E, para complicar, com os preços inalterados, a Petrobras teve que assumir todo o fornecimento de combustíveis no país. Pagando mais caro e tendo de vender barato para competir, os importadores deixaram o mercado e, desde janeiro, não trazem gasolina ou diesel para vender no país.
O Brasil produz mais petróleo do que consome. Por outro lado, produz menos gasolina e gás do que o necessário. Essa diferença costuma ser coberta via importação. Sem os exportadores, a Petrobras tem que cobrir o que falta, e não é pouca coisa. Só de diesel são importados 25% do consumo nacional. Resultado: dúvidas sobre a política de preços da empresa, que teve que se pronunciar sobre a defasagem. Disse que não vai repassar aos consumidores volatilidades externas nem o câmbio por causa do que chamou de eventos conjunturais. Ou seja, apesar da guerra ter feito disparar o preço do petróleo, fica tudo como está. Esperando a corda estourar, assim como já vimos no passado no Brasil e em outros países.
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