Inflação sobe no mundo inteiro, mas o Brasil não pode achar que ela vai cair por inércia

País terá neste ano, segundo projeção da OCDE, a terceira maior alta do G20, o grupo das maiores economias do mundo

  • Por Samy Dana
  • 23/09/2021 09h00 - Atualizado em 23/09/2021 17h35
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Itaci Batista/Estadão Conteúdo Avanço de dois pontos percentuais em preços monitorados puxou revisão de alta da inflação em 2021 Segundo o Boletim Focus da última segunda-feira, inflação deve atingir 8,35% no ano

Um argumento bastante repetido pelo governo é de que a inflação está alta, mas não não só no Brasil. Segundo o Boletim Focus da última segunda-feira, deve atingir 8,35% no ano. A curva ascendente, de fato, é um problema mundial, causado pelo desajuste entre os programas de ajuda adotados pelos governos para enfrentar as consequências econômicas da Covid-19, que aumentou a demanda e os gargalos criados na produção e no transporte de produtos. Estados Unidos, Canadá e Reino Unido também enfrentam inflação elevada no ano, acima de 3%, mas isso não conta toda a história.

Mesmo com a alta atingindo outros países, o Brasil terá neste ano, segundo Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a terceira maior inflação do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo. Com subida dos preços projetada em 7,2%, abaixo das previsões do mercado brasileiro, deverá ficar atrás apenas da Turquia, com 17,8%, e da Argentina, com 47%. Rússia, com 6,1% e Índia, 5,9%, completam o grupo das cinco mais altas. Em comparação com a média do G20, de 3,7%, terá praticamente o dobro — e deve-se ressaltar que na Europa e na Ásia a inflação subiu bem menos. O Japão, inclusive, deve registrar deflação no ano, com os preços recuando 0,4%. Já para o ano que vem, o Brasil, por enquanto, terá leve melhora no ranking e deve chegar à quinta maior inflação, segundo a OCDE. Com alta prevista de 4,90%, ficará atrás, mais uma vez, da Turquia e da Argentina, mas também da Índia e da Rússia.

Em resumo, a inflação pode estar alta no mundo, mas não dá para colocar a conta só nisso. Como já apontou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, os ruídos políticos afetam as expectativas para a economia e para a inflação — e muito do ruído é causado pelos nossos políticos. Também tem o problema da conta de luz mais cara devido à crise hídrica, que espalha a inflação pelos outros preços, já que aumenta o custo das empresas. Ou seja, não dá para esperar que a inflação caia aqui só porque está caindo no mundo. O Brasil tem uma situação mais complexa e precisa ficar alerta para seus próprios problemas.

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