Pesquisa que relaciona obesidade com corrupção ganha o IgNobel de economia
Pavlo Blavatskyy comparou forma física dos políticos com rankings de transparência internacional; premiação anuncia todos os anos os trabalhos mais curiosos
O IgNobel é uma forma bem humorada de incentivar a ciência. Enquanto o prêmio Nobel dá reconhecimento aos trabalhos científicos em diversos campos, como medicina, física e economia, o IgNobel também presta tributo ao humor. Ou, como dizem seus criadores, “primeiro faz rir e depois faz pensar”. Com esse objetivo, todos os anos, no mês de setembro, a revista Annals of Improbable Research ou Anais da Pesquisa Improvável, na tradução, anuncia as pesquisas mais curiosas do ano, reconhecendo trabalhos que podem ser sérios, mas também engraçados. O vencedor da edição de 2021 do IgNobel de economia mantém a tradição: como identificar rapidamente a corrupção em um país quando não se sabe nada dele? As respostas mais sérias vão recomendar a leitura de notícias ou dos rankings de corrupção elaborados por organizações como a Transparência Internacional. Mas Pavlo Blavatskyy, um professor da escola de negócios de Montpellier, na França, diz que também dá para saber observando a silhueta dos políticos.
Essa inusitada conclusão nasceu do estudo de quinze ex-repúblicas da União Soviética. Países como Rússia, Georgia e Belarus, que se tornaram independentes com o fim do regime comunista há 30 anos. Ao analisar as fotos de 299 políticos que foram ou são ministros desses países, um algoritmo primeiro apontou o índice de massa corporal de cada um. O pesquisador então comparou os dados sobre a forma física dos políticos com rankings da Transparência Internacional e do Banco Mundial sobre corrupção. Nos três países onde havia mais obesos, Ucrânia, Turcomenistão e Uzbequistão, a corrupção também era maior, segundo os rankings da Transparência Internacional e do Banco Mundial. Os resultados apontam que a forma física dos políticos pode ser uma boa referência para se verificar a corrupção. A razão, diz o autor, é que nesses países estudos detectaram que muitos funcionários públicos têm um estilo de vida incompatível com a renda. Há uma cultura de complementar o salário com propina ou outras formas de corrupção, o que provavelmente chega às principais carreiras do governo, colocando os países no topo dos rankings. E o autor, como é tradição no IgNobel, não se furtou a aceitar o prêmio. Geralmente, isso envolveria comparecer à cerimônia de premiação, na Universidade de Harvard, mas esse ano, como em 2020, os prêmios foram anunciados numa cerimônia online e ele acabou sendo premiado a distância.
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