Quem é o investidor americano que perdeu US$ 30 bilhões em um dia
Bill Hwang fez compras e movimentou quantias fabulosas com dinheiro emprestado de bancos e agora ninguém sabe qual será o tamanho do prejuízo
Até segunda-feira, quase ninguém nos mercados financeiros tinha ouvido falar de Bill Hwang, mas nos últimos dias, analistas e investidores ficaram em choque ao descobrir que se tratava, em teoria, de uma das pessoas mais ricas do planeta. E também do investidor que perdeu US$ 30 bilhões em um único dia. É o valor das ações vendidas de uma vez por grandes bancos estrangeiros, como Morgan Stanley, Deutsche Bank, Credit Suisse e outros, na semana passada, para cobrir o risco das operações de Hwang, que, agora se sabe, é um megainvestidor que movimentou quantias fabulosas com dinheiro emprestado.
Ele é o dono de uma empresa, a Archegos, que administra os US$ 10 bilhões da sua fortuna pessoal. Operando para si mesmo, estava fora do radar do mercado e dos reguladores. Mas não dos corretores de grandes bancos dos Estados Unidos, Europa e Japão, que, em troca de juros e comissões, garantiam empréstimos para o grande investidor fazer mais compras. Com derivativos e outros instrumentos financeiros, comprou grandes participações em empresas usando quantias cada vez maiores da conta-margem dos bancos. As ações, com uma grande demanda súbita, acabavam subindo. Operações que muitas vezes confundiam os demais investidores, que viam e não conseguiam explicar as altas fortes de papéis mesmo com o mercado caindo. Mas, alavancando – operando com dinheiro emprestado – em muitas vezes o valor do próprio patrimônio, Hwang começou a preocupar as instituições que financiam seus investimentos.
Na última sexta-feira, grandes vendas derrubaram várias ações nas bolsas americanas. Papéis como os da Viacom CBS e da Discovery caíram 27%, as piores quedas desde a crise da bolha imobiliária em 2008. Diante do risco de que a Archegos não teria como repor os empréstimos, bancos usaram seu direito de vender ativos, mesmo contra a vontade do cliente, para cobrir o saldo das contas. É um processo normal do mercado. Só que, vendendo de uma vez US$ 30 bilhões, causaram um terremoto, derrubando preços enquanto tentavam passar cada vez mais baratos os papéis. Agora os bancos envolvidos contam as perdas e o dano nos balanços. Na segunda-feira, as ações do Nomura, segundo maior banco do Japão, caíram 16%. Ontem, seu maior rival, o Mitsubishi, anunciou que perdeu US$ 300 milhões por causa de Bill Hwang.
Ninguém sabe bem qual será o tamanho do prejuízo. Podem ter sido dezenas ou mesmo centenas de bilhões de dólares. A possibilidade de novas vendas gigantes de papéis assusta. E para apimentar mais, tudo ocorreu oito anos depois do investidor ter sido multado em US$ 4,4 milhões pelo órgão regulador americano por usar informação privilegiada ao negociar ações chinesas. Com um histórico destes, esperava-se que fosse banido do mercado. Recebeu dezenas de bilhões de dólares em crédito. E agora todos se perguntam como aconteceu.
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