Seis meses de Trump: a mutação presidencial ainda pode piorar
Sem muito chororô nesta quinta-feira, 20 de julho, data em que Donald Trump celebra seis meses como quadragésimo-quinto presidente dos Estados Unidos da América. Vamos festejar, afinal com ele sempre poderia ser pior.
O próprio Trump, ao tuitar sobre a pesquisa Washington Post/ABC News, que lhe conferiu 36% de aprovação, a pior marca de um presidente em seis meses de governo desde que a amostragem começou a ser feita em 70 anos, fez a seguinte observação: “quase” 40% até que está bom diante do assédio e negativismo da imprensa, dos democratas, patati, pateta.
Trump, o presidente da doutrina Me First, eu acima de tudo, é curioso quando fala dos fracassos. Nenhuma relação com ele. O narcisista-chefe esta semana fala dos republicanos na terceira pessoal do plural ao comentar o fiasco para aprovar um novo programa de saúde. O recado do presidente republicano é que ele não tem relação com o partido que controla o Executivo, o Legislativo e tem maioria na Corte Suprema.
Conhecemos de sobra o modo de operação do 45: ele não assume responsabilidades por erros, não pede desculpas, seleciona bodes expiatórios a torto e a direito e mente de forma patológica. Com este fabulista, é um contínuo mimimi.
Quando a verdade vem a público, graças aos vazamentos de informações e trabalho investigativo de jornalistas, Trump brada fake news e demoniza a imprensa, como nas últimas semanas, nas revelações do encontro furtivo de seu filho, genro e ex-chefe de campanha com os russos durante a eleição do ano passado.
Por ora, o modo de operação do 45 funciona para os 25% dos eleitores da base que o seguem de forma fervorosa e habitam a sua bolha. O restante do apoio é menos convicto e expressa basicamente repúdio ao outro lado. Esta mesma pesquisa Washington Post/ABC News revela que, apesar da falta de resultados, 82% dos republicanos respaldam o presidente.
Na frente externa, Trump abdicou da responsabilidade de líder do mundo livre. Líderes estrangeiros aprenderam que para conseguir alguma coisa do bobalhão basta adulá-lo um pouco, como fez o francês Emmanuel Macron. Lua-de-mel com Trump pode ser muito fugaz. Nunca se sabe. A qualquer momento, ele poderá tuitar sobre o petite Emmanuel.
Trump é uma mistura da corrupção do republicano Richard Nixon e da incompetência do democrata Jimmy Carter. No entanto, ele carece da sagacidade do primeiro e da decência do segundo. Mas, de novo, sejamos otimistas. São apenas seis meses. Esta mutação presidencial poderá ainda piorar bastante.
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