Sem definições sobre acordo nuclear, Irã e EUA fazem intervalo em negociações
Isabel Saco.
Montreux (Suíça), 4 mar (EFE).- Após mais de dez horas de reuniões ao longo de três dias, as delegações de Irã e Estados Unidos deram uma pausa nesta quarta-feira nas negociações sobre o programa nuclear iraniano, ainda sem previsões sobre um possível acordo.
A decisão do ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, e do secretário de Estado americano, John Kerry, de voltarem a se encontrar entre os dias 15 e 20 de março evidencia que todos acreditam que um compromisso é possível, mas ainda restam vários pontos difíceis e complexos de serem resolvidos.
Kerry e Zarif também comandarão pessoalmente esta rodada de negociações, a nona desde o início do ano. Fontes de ambas as partes disseram que as negociações foram produtivas e evoluíram, apesar dos assuntos difíceis a serem resolvidos.
“Houve progressos, mas há muito trabalho” pela frente, disse Zarif ao sair do hotel da cidade suíça de Montreux, onde as reuniões foram realizadas.
O acordo negociado visa garantir que o Irã não possa desenvolver sua tecnologia nuclear além do nível atual e que, caso comece a fazer isso, espere pelo menos um ano. A situação será acompanhada por rígidos controles de analistas internacionais, com os quais o país deverá cooperar plenamente.
Essas restrições, segundo a delegação americana, devem durar dez anos, uma condição que continua com divergências após ter sido oficialmente rejeitada pelo Irã. Fontes iranianas relataram que o país mencionou na mesa de negociações que poderia aceitar até seis anos de moratória.
Outro tema que se tornou um impedimento nas negociações são as sanções econômicas que o Ocidente mantém contra o Irã. O país insiste para que as punições sejam totalmente suspensas quando um eventual acordo entrar em vigor.
A equipe de negociação americana mantém a posição que a suspensão das sanções seja progressiva, conforme o Irã demonstre vontade de cumprir com cada um dos compromissos assumidos.
Segundo fontes iranianas, os EUA disseram durante as negociações que estariam dispostos a começar pela suspensão das sanções bancárias, fatores que mais pesam para o Irã. As sanções também bloqueiam as exportações de petróleo do país para a Europa, o que torna Índia, Japão e China seus principais compradores.
A rodada de negociações encerrada nesta quarta-feira gerou grande expectativa ao coincidir com uma campanha liderada pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, contra um eventual acordo com o Irã.
Em discurso no Congresso americano na terça-feira, Netanyahu afirmou que as condições propostas ao Irã o beneficiam e abrem caminho para que o país desenvolva tecnologia nuclear com fins bélicos ao término dos dez anos de moratória que Washington pretende impor.
Amanhã haverá uma reunião, em nível de vice-ministros, entre a delegação iraniana e os países do G5+1 (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China, mais Alemanha) em Montreux.
Kerry viajará nesta quarta-feira para a Arábia Saudita, onde se reunirá com autoridades dos países árabes para dar garantias que o acordo negociado com o Irã é positivo para eles e não provocará maior instabilidade na região.
Na sexta-feira, John Kerry realizará uma visita de um dia a Londres e no sábado estará em Paris, onde se reunirá com os ministros de Relações Exteriores da Alemanha, do Reino Unido e da França. EFE
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