População já aprendeu a pensar no diagnóstico, mas autoteste pode comprometer dados sobre a Covid
Além disso, a falta de procura por médicos habilitados geram sério risco de prejuízo na condução mais adequada de cada caso
Nestas últimas semanas, estamos sendo assolados pelo aumento descontrolado de casos de Covid-19 no Brasil. Pacientes com quadro clínico clássico da variante Ômicron: tosse seca, dor de garganta, coriza, congestão nasal e dor de cabeça como os principais desencadeantes. A população aprendeu a pensar no diagnóstico. Isso é um fato positivo! Mas aqui cabe um alerta importante: muitos estão realizando o autoteste. Com este precedente, a notificação não se torna obrigatória e assim perdemos dados epidemiológicos ricos para ser incorporado na casuística nacional. Além disso, a não procura por médicos habilitados me fazem pensar em sério prejuízo na condução mais adequada de cada caso.
A telemedicina auxilia muito e já esta até aprovada e regulamentada. E aprendemos nestes dois anos e tanto que a Covid-19 deve ser individualizada no seu tratamento e orientação. Com o aumento de casos, muitos indivíduos acabam por desacreditar a vacinação. Novamente, precisamos insistir: a vacina não esteriliza o vírus, não exime de infecção leve. O grande benefício — e isto é mostrado em toda literatura cientifica — é evitar infecção grave, internação e mortalidade. Agora iniciamos a campanha para a segunda dose de reforço para as pessoas com 50 anos ou mais e profissionais da saúde. Quem estiver nesta orientação não deve pensar duas vezes em correr e aplicar. Devemos insistentemente combater os “antivaxers”. Não ajudam a população e causam malefícios com informações desencontradas, tanto de modo escrito como vídeos, principalmente por redes sociais.
Outro ponto que gostaria de tecer alguns comentários recai sobre o uso de máscara em ambientes fechados, como recomendado. No momento em que vivemos, com este aumento de positividade, vejo com bons olhos, sobretudo em grandes eventos, para preservar a transmissão entre as pessoas. Não devemos, jamais, nos esquecer dos portadores assintomáticos, grandes disseminadores de doença — e eles não têm conhecimento por falta de clínica. Como tudo tem voltado à rotina e a maioria deseja tirar o tempo perdido, muitas pessoas voltam ao trabalho ainda em período de transmissibilidade. Vale ainda a regra dos dez dias após início dos sintomas, podendo ser liberado e reintegrado ao trabalho depois desse intervalo. Os casos com liberação após cinco dias apenas o CDC (Centro de Controle de Doenças) autorizou. Porém, só para profissionais da saúde, devido à baixa no atendimento (sendo obrigatório o uso de máscara facial a todo momento).
No Brasil, não adotamos esta linha de conduta — de modo correto, a meu ver. A prerrogativa do teste de antígeno, que pode ser realizado em farmácias ou em laboratórios após o sétimo dia dos sintomas, é o que tem mais sido empregado no nosso meio. Mas vale a ressalva que esses testes podem permanecer positivos. Sendo assim, após o decimo dia já não existe qualquer transmissibilidade. Insistir em fazer o teste molecular (PCR) é um erro constante, pois o mesmo pode se tornar positivo até 90 dias, segundo vários estudos científicos. Vamos nos cuidar! Não estamos vivendo uma nova onda, mas não devemos baixar a guarda. Variantes novas podem surgir. Vamos vacinar cada vez mais. Fazer mais diagnostico e propor orientação adequada à população. Individualizar é a chave do sucesso.
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