População já aprendeu a pensar no diagnóstico, mas autoteste pode comprometer dados sobre a Covid

Além disso, a falta de procura por médicos habilitados geram sério risco de prejuízo na condução mais adequada de cada caso

  • Por Sergio Cimerman
  • 07/06/2022 14h32
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Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo - 18/04/2022 Duas caixas de autotestes de Covid-19, uma colocada em cima da outra na transversal Com os autotestes, notificação não se torna obrigatória e dados epidemiológicos da Covid-19 ficam em risco

Nestas últimas semanas, estamos sendo assolados pelo aumento descontrolado de casos de Covid-19 no Brasil. Pacientes com quadro clínico clássico da variante Ômicron: tosse seca, dor de garganta, coriza, congestão nasal e dor de cabeça como os principais desencadeantes. A população aprendeu a pensar no diagnóstico. Isso é um fato positivo! Mas aqui cabe um alerta importante: muitos estão realizando o autoteste. Com este precedente, a notificação não se torna obrigatória e assim perdemos dados epidemiológicos ricos para ser incorporado na casuística nacional. Além disso, a não procura por médicos habilitados me fazem pensar em sério prejuízo na condução mais adequada de cada caso.

A telemedicina auxilia muito e já esta até aprovada e regulamentada. E aprendemos nestes dois anos e tanto que a Covid-19 deve ser individualizada no seu tratamento e orientação. Com o aumento de casos, muitos indivíduos acabam por desacreditar a vacinação. Novamente, precisamos insistir: a vacina não esteriliza o vírus, não exime de infecção leve. O grande benefício — e isto é mostrado em toda literatura cientifica — é evitar infecção grave, internação e mortalidade. Agora iniciamos a campanha para a segunda dose de reforço para as pessoas com 50 anos ou mais e profissionais da saúde. Quem estiver nesta orientação não deve pensar duas vezes em correr e aplicar. Devemos insistentemente combater os “antivaxers”. Não ajudam a população e causam malefícios com informações desencontradas, tanto de modo escrito como vídeos, principalmente por redes sociais.

Outro ponto que gostaria de tecer alguns comentários recai sobre o uso de máscara em ambientes fechados, como recomendado. No momento em que vivemos, com este aumento de positividade, vejo com bons olhos, sobretudo em grandes eventos, para preservar a transmissão entre as pessoas. Não devemos, jamais, nos esquecer dos portadores assintomáticos, grandes disseminadores de doença — e eles não têm conhecimento por falta de clínica. Como tudo tem voltado à rotina e a maioria deseja tirar o tempo perdido, muitas pessoas voltam ao trabalho ainda em período de transmissibilidade. Vale ainda a regra dos dez dias após início dos sintomas, podendo ser liberado e reintegrado ao trabalho depois desse intervalo. Os casos com liberação após cinco dias apenas o CDC (Centro de Controle de Doenças) autorizou. Porém, só para profissionais da saúde, devido à baixa no atendimento (sendo obrigatório o uso de máscara facial a todo momento).

No Brasil, não adotamos esta linha de conduta — de modo correto, a meu ver. A prerrogativa do teste de antígeno, que pode ser realizado em farmácias ou em laboratórios após o sétimo dia dos sintomas, é o que tem mais sido empregado no nosso meio. Mas vale a ressalva que esses testes podem permanecer positivos. Sendo assim, após o decimo dia já não existe qualquer transmissibilidade. Insistir em fazer o teste molecular (PCR) é um erro constante, pois o mesmo pode se tornar positivo até 90 dias, segundo vários estudos científicos. Vamos nos cuidar! Não estamos vivendo uma nova onda, mas não devemos baixar a guarda. Variantes novas podem surgir. Vamos vacinar cada vez mais. Fazer mais diagnostico e propor orientação adequada à população. Individualizar é a chave do sucesso.

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