Serra Leoa inicia toque de recolher de três dias para conter o ebola

  • Por Agencia EFE
  • 24/09/2014 00h21
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Monróvia, 19 set (EFE).- Serra Leoa iniciou nesta sexta-feira um toque de recolher que obriga todos os cidadãos a permanecer em suas casas durante os próximos três dias, uma medida com a qual o governo pretende conter a expansão do vírus ebola no país, onde já morreram 562 pessoas por causa desta doença.

Durante o confinamento, que começou hoje e que será efetivo até o próximo domingo, cerca de 30 mil voluntários irão de casa em casa para identificar as pessoas doentes, repartirão 1,5 milhão de pastilhas de sabão e informarão os cidadãos sobre as medidas para prevenir o ebola, explicou o governo em comunicado.

Com esta medida, as autoridades esperam poder descobrir centenas de novos casos, já que muitos doentes de ebola não procuraram hospitais por temor do escárnio público, algo que está dificultando os trabalhos para conter o vírus.

Por isso, o governo preparou novos centros de tratamento para poder acolher uma nova onda de pacientes nos próximos dias.

Embora este toque de recolher tenha sido criticado por algumas organizações internacionais e alguns cidadãos, até o momento não foi registrado nenhum incidente.

“Ficaremos dentro de casa nos próximos três dias para que os trabalhadores de atendimento de saúde tentem controlar o vírus que segue matando pessoas”, afirmou à Agência Efe Tony Mensah, um ganês que vive há 30 anos em Freetown, a capital de Serra Leoa.

Em palavras de Mensah, “é uma tarefa difícil (ficar fechado em casa), mas se isto ajuda a derrotar ao vírus, o sacrifício vale a pena”.

“Se formos capazes de controlar o risco de transmissão do vírus, sua capacidade de arrebatar mais vidas será destruída e mais gente poderá sobreviver”, assinalou à Agência Efe Miatta Bangura, residente da cidade de Kenema, no leste do país.

No entanto, outros residentes criticaram esta medida que consideram que “não fará outra coisa que exacerbar uma situação já precária”.

“Como vamos conseguir pôr comida sobre a mesa para nossas famílias durante estes três dias?”, lamentou um morador de Freetown, onde nos últimos dias os residentes estiveram abastecendo de alimentos para poder enfrentar o toque de recolher.

Médicos Sem Fronteiras também criticou esta medida governamental, ao assegurar que “os confinamentos e as quarentenas não ajudam a controlar o ebola, o único que fazem é minar a confiança entre os cidadãos e os responsáveis da saúde pública”.

Para garantir o cumprimento deste “confinamento” do país, um amplo dispositivo policial patrulhará em lugares estratégicos, segundo detalhou o governo.

Serra Leoa, com 1.673 casos, é o segundo país da África Ocidental onde são registrados mais doentes de ebola, dos quaism 562 morreram.

Este surto de ebola, o primeiro que é detectado na África Ocidental, surgiu no mês passado de março em Guiné e se estendeu posteriormente à Libéria, Serra Leoa, Nigéria e Senegal.

Desde então, 5.335 pessoas foram contagiadas pelo vírus, das quais 2.622 morreram, segundo a última apuração divulgado ontem pela Organização Mundial da Saúde.

O ebola, que é transmitido por contato direto com o sangue e fluidos corporais de pessoas ou animais infectados, causa hemorragias graves e pode ter uma taxa de mortalidade de 90%. EFE

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