Stoltenberg substituirá Rasmussen na Otan em um ano de grandes desafios

  • Por Agencia EFE
  • 28/03/2014 17h03

Bruxelas, 28 mar (EFE).- O ex-primeiro-ministro norueguês Jens Stoltenberg assumirá no próximo dia 1º de outubro a Secretaria-Geral da Otan em um ano decisivo para a organização, que, além de pôr fim a sua operação militar no Afeganistão, terá como desafio principal a crise na Ucrânia.

Stoltenberg, que substituirá o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen, após ter recebido hoje o sinal verde do Conselho do Atlântico Norte, expressou sua intenção de reforçar o papel da Otan como “uma aliança política forte com uma sólida capacidade militar”, embora tenha evitado dar detalhes específicos.

O político norueguês, que será o primeiro secretário-geral da Otan de um país não pertencente à União Europeia (UE), presidirá também o Conselho do Atlântico Norte, principal órgão de decisão da Aliança.

O atual secretário-geral, que deixará o cargo após cinco anos e dois meses à frente da Otan, afirmou que conhece seu sucessor “há muitos anos” e sabe que “é o homem adequado para construir sobre o histórico de fortaleza e êxito” da Aliança depois da cúpula aliada, prevista para os próximos dias 4 e 5 de setembro no País de Gales.

Nessa reunião, a Otan deve passar em revista a viabilidade de sua relação com a Rússia, assim como reforçar a cooperação com seus sócios e fortalecer sua defesa coletiva e o vínculo transatlântico, explicou Rasmussen esta semana, por ocasião da visita a Bruxelas do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Obama pediu aos países da Otan que aumentem sua participação na organização e “deem mostras da vontade política de investir em nossa defesa coletiva, desenvolvendo as capacidades para servir como fonte de paz e segurança internacional”.

A ideia do líder americano é reforçar a defesa coletiva, incluindo planos de defesa atualizados e mais desenvolvidos, exercícios reforçados e operações apropriadas, segundo indicou o ainda secretário-geral da Otan nesta semana.

Rasmussen ressaltou por ocasião da nomeação de Stoltenberg que a crise da Ucrânia e da Rússia “demonstra a necessidade de seguir com uma liderança forte e decidida da Otan”.

Os embaixadores dos 28 países aliados da Otan elegeram o ex-primeiro-ministro da Noruega por “consenso”, informaram à Agência Efe fontes da Otan, após um período de consultas sob a direção do embaixador belga, decano do Conselho Atlântico.

Entre outros candidatos possíveis ao posto estavam os nomes do ministro de Relações Exteriores polonês, Radoslaw Sikorski, e do ministro de Defesa belga, Pieter De Crem.

No entanto, Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido já tinham se mostrado favoráveis à designação de Stoltenberg.

As reações dos dirigentes da Aliança a sua designação destacam sua experiência política e ressaltam os grandes desafios que o político norueguês encontrará ao iniciar seu mandato.

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, comemorou a nomeação e lembrou que a substituição acontecerá em um “ano crucial na história da organização”, pois “os recentes eventos na Ucrânia evidenciaram que, uma vez completada nossa missão no Afeganistão, haverá novos desafios aos quais responder”.

Por sua parte, o presidente da França, François Hollande, salientou que a “experiência governamental e internacional de Stoltenberg representa uma vantagem preciosa para a Otan, em particular no atual contexto de tensões ligadas à crise ucraniana”.

Já o governo português considerou que “é uma garantia que a Aliança Atlântica seguirá desempenhando um papel crucial na defesa e segurança de seus membros, e para contribuir a paz e segurança internacional”.

Por fim, o governo dos EUA deu as boas-vindas à nomeação e destacou que Stoltenberg é a pessoa adequada para assegurar a “fortaleza e unidade” da Aliança.

Nascido em Oslo em 1959, Jens Stoltenberg ocupou várias pastas em governos trabalhistas na década de 1990 e foi primeiro-ministro em dois períodos (2000-2001 e 2005-2013).

Seu papel após os atentados realizados pelo ultradireitista Anders Behring Breivik no dia 22 de julho de 2011 na Noruega, nos quais morreram 77 pessoas, lhe valeu o respeito generalizado em seu país.

Após a derrota da coalizão de centro-esquerda nas eleições legislativas de setembro, Stoltenberg exerce como líder do Partido Trabalhista e da oposição.

Com Stoltenberg no poder, a Noruega assinou em 2008 um acordo com os EUA para gastar 8 bilhões de euros na compra de meia centena de caças americanos para substituir sua frota de F-16. EFE

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