Testemunha do Carandiru nega massacre a presos por parte da polícia

  • Por Agencia EFE
  • 18/02/2014 17h02

São Paulo, 18 fev (EFE).- Um ex-agente carcerário da prisão do Carandiru afirmou nesta terça-feira durante o julgamento de 15 dos policiais acusados do massacre, que terminou com a morte de 11 presos, que viu cerca de 75 corpos antes da entrada da Polícia Militar no local.

Segundo relatou o ex-agente Francisco Carlos Leme, testemunha de defesa, pelo menos 50 dos 75 corpos estavam nos pátios e a maioria deles com indícios de ferimentos por armas brancas.

De acordo com a versão do agente penitenciário, a disputa ligada ao tráfico de drogas foi o que deu lugar à confusão que desencadeou em 2 de outubro de 1992 o maior massacre carcerário da história do Brasil.

Outra testemunha de defesa, o ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, Pedro Franco de Campos, afirmou que “havia necessidade da intervenção da Polícia Militar no Carandiru”.

O massacre ocorreu em outubro de 1992, na véspera das eleições municipais, quando a Polícia Militar de São Paulo invadiu o presídio para colocar fim a um suposto motim com presos armados.

A escolha de um júri integrado por sete homens deu início na segunda-feira ao julgamento no qual 15 policiais, que atuaram no 3º andar do Pavilhão 9 do presídio, o que equivale ao 4º pavimento, são julgados pelo homicídio de oito dos presos e pela tentativa de homicídio de outros dois.

Trata-se da terceira das quatro fases do processo, que em seus dois primeiros períodos condenou 48 agentes como autores das mortes de 82 reclusos.

A prisão, então a maior de São Paulo com cerca de 8 mil internos, era considerada por organizações de direitos humanos como a melhor amostra do caos do sistema penitenciário do Brasil.

O presídio foi desativado em 2002 e o lugar foi transformado em um parque público.

O caso foi levado ao cinema através do filme “Carandiru”, do diretor argentino Héctor Babenco, e também à literatura, com livros como “Estação Carandiru”, do médico e apresentador de televisão Dráuzio Varela, que na época trabalhava no presídio. EFE

ass/ff

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