Tribunal chinês condena 12 pessoas à morte por violência em Xinjiang
Pequim, 13 set (EFE).- Um tribunal de Xinjiang, no noroeste da China, condenou nesta segunda-feira 12 pessoas à pena de morte por um ataque que matou 37 civis em julho no sul da região, onde aumentam os conflitos entre a etnia minoritária uigur e a majoritária han.
Segundo a agência oficial “Xinhua”, o Tribunal Popular Intermediário de Kashgar também condenou nesta segunda-feira outras 15 pessoas à pena de morte adiada por dois anos – que no sistema judiciário de seu país equivale a uma prisão perpétua.
Três dos condenados à morte foram identificados como Osman Ablet, Yuwup Ablet e Jume Qadir. Segundo a ata judicial, o primeiro se uniu a um grupo terrorista liderado por Nur Memet e esfaqueou três pessoas até a morte, antes de ser baleado pela polícia em julho. Yuwup Ablet matou cinco pessoas e Jume Qadir outras duas, além de destruir veículos. Todos os nomes são comuns na etnia uigur.
Além disso, nove pessoas foram condenadas a prisão pelo resto da vida, outras vinte a 20 anos de enclausuramento e duas foram postas libertas por pagamento de fiança. No total, 58 pessoas foram sentenciadas.
Em 28 de julho, 96 pessoas morreram, entre elas 59 supostos terroristas baleados pela polícia – que também prendeu 215 pessoas – e 37 civis – 35 chineses han e dois de etnia uigur – durante confrontos em Kashgar que só foram divulgados pela imprensa dias depois e sem muitos detalhes.
Apenas nesta segunda-feira a agência comunicou que os ataques ocorreram em uma estação policial e em um escritório governamental da cidade de Elixku, assim como em Huangdi, onde grupos armados atacaram pedestres e veículos com machados e facas.
Em 10 de agosto, as autoridades chinesas informaram que 18 suspeitos do ataque haviam se entregado à polícia “devido à pressão que receberam por parte da população”, informou o governo de Xinjiang.
As autoridades locais ainda não divulgaram mais detalhes sobre a identidade dos detidos e dos acusados, mas algumas fontes apontam que são da etnia uigur muçulmana.
Com cerca de 200 de mortos dentro e fora de Xinjiang neste ano, Pequim atribui a culpa dos episódios de violência a grupos de influência jihadista que buscam a criação de um estado de Turquestão Oriental independente em Xinjiang.
Comunidades uigures no exílio atribuem a repressão política, cultural e religiosa que sofrem pelas autoridades chinesas como causa dos conflitos e negam a existência de organizações terroristas.
O regime chinês aumentou as medidas de segurança na região nos últimos meses, o que para alguns grupos de direitos humanos são dirigidas apenas contra os uigures, e as sentenças também ficaram mais rídigas.
Uma das medidas mais criticadas pela comunidade internacional foi a recente condenação à prisão perpétua por separatismo ao professor universitário Ilham Tohti, conhecido por ser a voz moderada dos uigures e cujo encarceramento foi visto por alguns analistas como um revés para um possível diálogo entre etnias. EFE
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