Trump x Kim Jong-un: o doido falando do louco

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 07/09/2017 11h13 - Atualizado em 07/09/2017 11h39
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Montagem - EFE e Divulgação Donald e Kim são imprevisíveis, o que aumenta o risco de um erro de cálculo, diz Blinder

A tentação irresistível é tratar tudo o que envolve atores políticos como Donald Trump e Kim Jong-un como uma tragicomédia, mas esta semana é puro drama, com a escalada de tensões nucleares, engatilhada pelo potente teste norte-coreano no fim de semana.

Nada de fazer piada sobre os dois personagens de penteado esdrúxulo. Sei que a trama é mais ampla do que dois personagens no centro do palco, mas vamos focar nossa atenção e tensão nas duas figuras.

Donald e Kim são imprevisíveis, o que aumenta o risco de um erro de cálculo e sabemos que as grandes guerras no século 20 foram precedidas por medonhos erros de cálculo. Para ficar na analogia mais próxima da crise atual: os EUA não anteciparam em 1950 que a China entraria na Guerra da Coreia.

Eu já comentei aqui que minha proteção emocional é fantasiar que ao menos existe método na loucura destes atores. A doideira faz parte do processo de negociação, mas é claro que neste cenário um louco precisa combinar com o doido. O descompasso pode se traduzir em erro de cálculo.

Sabemos que a retórica de Kim Jong-un é termonuclear pela fanfarronice. O mesmo se aplica ao dialeto tuitês, a forma mais comum da linguagem de Donald Trump. E como se isto não fosse suficiente, existe mero mistério para saber o que se passa dentro do regime norte-coreano e as mensagens conflitantes em Washington.

Sempre um sufoco interpretar o comportamento daquele garotão gorducho. O consolo é se proteger achando que no final das contas ele não passa de um gângster que busca armas mais potentes para fazer extorsão no seu morro, mas no caso o morro é o globo.

E em Washington, apesar de haver uma espécie de junta militar cercando Trump, o presidente é o comandante-em-chefe. O drama aqui é se aquele senhor septuagenário de pavio curto e aprendiz de presidente, cuja maior fonte de inspiração são apresentadores de televisão por assinatura e puxa-sacos, decidir se a melhor opção é primeiro atirar e em seguida fazer perguntas ao gângster.

E obviamente este gângster está cercado de sicofantas assustados. Questionou a sabedoria do grande líder, é metralhado e quem sabe entregue à cachorrada.

Esta crise na península coreana seria um sufoco mesmo para gente experiente no poder. Imagine com os nossos bizarros personagens? Não está para brincadeira. Deu para sentir o drama?

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