Vacina demonstra alta efetividade contra o ebola na Guiné
Nairóbi, 31 jul (EFE).- Os resultados de uma vacina experimental contra o vírus do ebola mostram “um alto grau de efetividade” após ter sido testada em mais de 4 mil pessoas que tiveram contato com a doença na Guiné, um dos países mais afetados pela epidemia.
A nova vacina, denominada VSV-ZEBOV, é “eficaz 100%” dez dias após ter sido administrada em uma pessoa sem a infecção, segundo os resultados divulgados nesta sexta-feira pela revista britânica “The Lancet” e pelo governo da Guiné.
Os testes revelaram sua eficácia em humanos em menos de 12 meses, “um tempo recorde”, segundo a equipe científica que a desenvolveu, integrada por especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS), Médicos Sem Fronteiras (MSF) e da Noruega, Canadá, Guiné, EUA e Reino Unido.
A nova vacina combina o vírus da estomatitis vesicular (VSV) com um gene que codifica uma proteína chave da cepa Zaire do ebola, a forma mais agressiva e letal conhecida do vírus, que tirou a vida de 11.294 pessoas em vários países da África Ocidental no surto surgido na região em março de 2014, segundo os últimos dados da OMS.
A combinação destes componentes dá como resultado uma vacina que, baseada em uma amostra debilitada do ebola, estimula uma resposta imune contra o vírus e fomenta a produção de anticorpos para lutar contra a doença.
“A vacina VSV-ZEBOV trabalha do mesmo modo que outras vacinas baseadas em vírus atenuados contra outras infecções virais”, explicou o doutor Mark Feinberg, do laboratório Sanofi Pasteur MSD.
Esta companhia farmacêutica quer produzir suficientes doses para controlar possíveis futuros surtos de ebola.
No entanto, a VSV-ZEBOV não será administrada como qualquer outra vacina comum, mas será usada em “comunidades em risco que a requeiram”, precisou Feinberg.
O inconveniente da vacina é que tem que ser conservada em lugares frescos em países tropicais com frequentes cortes elétricos, por isso que a pesquisa futura passará por desenvolver uma formulação termoestável.
Os pacientes voluntários com os quais foram realizados os testes procedem de áreas onde houve registro de surtos da doença na Guiné e onde estiveram em contato com doentes ou outras pessoas próximas a eles, como moradores, parentes e companheiros de classe.
A vacina foi administrada em primeiro lugar em um dos grupos e, três semanas mais tarde, no segundo.
“Os resultados demonstraram que, no prazo de 10 dias, a vacina protegia ambos os grupos contra o vírus do ebola”, segundo o comunicado.
“A comunidade da área da saúde global poderia contar a partir de agora com uma importante ferramenta para vencer o ebola”, ressaltou o doutor John-Arne Rottingen, do Instituto Norueguês de Saúde Pública e chefe do painel científico que testou a vacina.
Em um ano e meio, a epidemia infectou 27.787 pessoas, principalmente na África Ocidental, das quais 11.294 morreram.
Embora uma dezena de países tenham registrado casos de ebola, as mortes se concentraram em três: Libéria (4.808), Serra Leoa (3.951 mortos) e Guiné (2.520).
A Libéria foi declarada em 9 de maio país livre de transmissão de ebola, mas neste mês voltou a registrar novos casos. EFE
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