Quando o institucional decai para o pessoal
O destaque final vai para a batalha verbal entre o presidente Michel Temer e seus aliados e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Temer deu uma entrevista ao Estado de S. Paulo em que criticou a denúncia de corrupção passiva apresentada pelo procurador. O presidente foi circundado pelo ministro Gilmar Mendes, um dos principais críticos dos trabalhos da PGR, que diz que o tempo de Janot terminou
A réplica de Janot veio em entrevista à Folha. Ele disse que aguarda o resultado de novas delações para se manifestar de novo e apresentar novas denúncias contra Temer.
É muito ruim para a democracia e o Brasil quando algo que deveria ser institucional ganha contornos de pinimba, de rixa pessoal.
O procurador não deveria deixar a impressão de que promove uma guerra contra o presidente da República e guarda cartas na manga, esperando fatos que não são nem garantidos, como novas delações, para decidir se denuncia o presidente. O presidente e um ministro do Supremo também não deveriam se lançar em uma guerra verbal, desafiando o PGR.
Não se trata de uma briga no gel para mostrar quem é mais macho, quem tem mais “bambus” ou “setas”. Tratam-se de instituições e de uma economia que tenta se recuperar de anos do PT, que agiu como gafanhoto sobre o Estado brasileiro.
O tom bravateiro não mostra o que há efetivamente no terreno jurídico e das instituições para se levar, ou não, a cabo uma nova denúncia.
Era bom que esses homens tivessem responsabilidade, controlassem a língua dentro da boca e cumprissem seu papel institucional.
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