Saldo político e econômico da greve dos caminhoneiros é péssimo
A comentarista Vera Magalhães analisou os efeitos políticos da greve dos caminhoneiros no País.
“O acordo anunciado pelo governo não assegura a volta da normalidade. Pelo menos duas associações disseram que não vão paralisar a greve”, lembra Vera. “Isso se deve à dispersão das lideranças deste governo”, diz.
Para a comentarista, o governo federal agiu tardiamente e não percebeu o poder de disseminação da greve. “O saldo político é péssimo e o saldo econômico também não é bom”, pondera.
Além disso, a greve pode ter um efeito cascata de outras categorias, avalia Vera. Se os caminhoneiros pararam o País e conseguiram um novo subsídio, o que impede que o mesmo seja feito em outras demandas?
“É um acordo em que quase ninguém ganha a não ser as categorias que pressionaram o governo e levaram”, diz;
Greve contraditória e não razoável
Vera também avaliou como alguns discursos são contraditórios. Pessoas que até esses dias eram liberais passaram a pedir subsídios nos combustíveis, intervenção do governo.
A carga tributária que incide sobre os combustíveis é enorme, reconhece a comentarista. Mas para baixar os impostos em meio a uma grave crise fiscal, de algum outro lugar esse dinheiro terá de sair.
Os caminhoneiros quase pagam para trabalhar, “tudo isso é verdade, mas poderia ter sido negociado de uma maneira mais racional”, diz Vera. Parar o País não é razoável, não é democrático, não é maneira de negociar, opina.
A conta será paga pelo próximo governo, avalia. O ajuste fiscal não vai se cumprir e a paralisação de quatro dias certamente terá consequências para o PIB.
Mesmo o Congresso teve uma atitude covarde no caso, disse. “Fizeram um proselitismo político”.
O presidente do Senado (Eunício Oliveira) vai ao Ceará e volta às pressas para uma votação que não aconteceu. A condução política do Legislativo e do governo é um desastre, concluiu.
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