Tudo está dentro do plano de Alckmin; só falta combinar com o eleitor

  • Por Jovem Pan
  • 20/07/2018 09h24 - Atualizado em 20/07/2018 09h55
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Dida Sampaio/Estadão Conteúdo Pré-candidato à Presidência pelo PSDB, ex-governador Geraldo Alckmin Assim como o PT, o ex-governador tucano aposta no establishment

Vera Magalhães analisou no Jornal da Manhã desta sexta (20) o possível reviravolta na corrida eleitoral presidencial com o quase selado acordo entre Geraldo Alckmin (PSDB) e os partidos do “centrão”. A jornalista explicou que o acordo aguarda apenas a confirmação de arranjos estaduais. Mas estes são detalhes perto da engenharia que se montou para a coligação.

Desde que se postulou ao Planalto, lembra Vera, Alckmin sempre apostou em uma campanha baseada em estrutura partidária, capilaridade dos partidos pelo País e tempo de TV. Com a aliança, o tucano assegura os pré-requisitos que considerava fundamentais. O ex-governador paulista sempre disse que cresceria nas pesquisas após o início da propaganda eleitoral em rádio e televisão. O acordo lhe assegura mais de 40% do tempo nas mídias.

Além disso, a aliança dispõe hoje de mais de 270 deputados. Como as regras foram montadas para beneficiar o “status quo”, Alckmin tem possibilidade de projetar, caso vença a eleição, uma bancada bastante robusta de candidatos.

Tudo está dentro do plano do tucano. O que falta agora é combinar com o eleitor. Muitos dos partidos com os quais Alckmin fez a aliança são amplamente denunciados na Lava Jato e em outras operações. Ciro Nogueira, presidente do PP, por exemplo, é denunciado em mais de um  caso na Lava Jato.

O PSDB também traz uma carga muito pesada de denúncias. Aécio Neves foi abatido a ponto de talvez não ser candidato a nada. O próprio Geraldo Alckmin está às voltas com acusações em São Paulo, de dinheiro para as campanhas tucanas a partir da Dersa.

O que vai estar em jogo é se o eleitorado está disposto a comprar um candidato com a chancela dos velhos partidos e da “velha política”, com investigados na Lava Jato. Agora falta ao eleitor olhar esse arranjo e dizer se vai chancelar isso, ou se as balizas da política de fato foram alteradas, conclui a analista.

PT x PSDB?

Com Bolsonaro e Ciro cada vez mais isolados, o PT está se acertando com o PSB. A aposta do PT é na velha hegemonia política e rivalidade histórica das últimas eleições entre PSDB e petistas.

O PT faz a mesma aposta no establishment com o que sobrou da esquerda. A presidente petista Gleisi Hoffmann costura uma aliança com o PCdoB, alçando Manuela D’Ávila como vice de Lula, no teatro de sua candidatura, e depois como vice do candidato que substituir o ex-presidente preso.

Ciro e Bolsonaro

Ciro Gomes (PDT) ensaiou atrair o PSB e os partidos do centrão e, novamente, morreu pela própria boca, assim como ocorreu em 1998 e 2002, quando ele tentou a Presidência. Ciro fará a convenção nesta sexta (20) sem anunciar nenhuma aliança por ora.

Ele ainda conseguirá, porém, ter alguns segundos relevantes no debate pela televisão, diferente do líder nas pesquisas sem Lula, Jair Bolsonaro (PSL).

Bolsonaro não conseguiu fechar com o PR nem com o PRP. O deputado tenta ainda ter algum militar em sua chapa. Em evento em Goiás, Bolsonaro chegou a cogitar ter o general Antonio Hamilton Mourão, que defendeu recentemente a intervenção militar, abraçando de uma vez o radicalismo. Mourão é de um partidinho chamado PRTB, que ainda não está negociando com Bolsonaro.

Ciro e Bolsonaro, muito parecidos nos arroubos verbais, negociaram o quanto puderam e, uma vez malogradas as alianças, partem para o ataque dos antigos possíveis aliados.

Assista ao comentário completo de Vera Magalhães:

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